domingo, 28 de fevereiro de 2021

Escrita maia

 

A escrita maia era pictográfica mas que incorpora uma parte fonética. Os maias conheciam a escrita hieroglífica [1]. Dos escritos maias restam apenas o Codex Dredensis/Dresden da região do norte da Guatemala, o códice de Paris de Chiapas, o código de Madrid [2] e o de Yacatán [3], o códex Peresianus e os códices Troano (guardado no Museo de America em Madrid) e Cortesianos.[4] O bispo de Yucatán (1524-1579) Diego de Landa analisou a escrita maia fazendo a transcrição com a língua castelhana, por exemplo a, b, c correspondem aos sons ah, bay, say representados por meio de símbolos maias.[5] Segundo Beuchat “os caracteres maias se compõem de agregados de pequenos sinais de forma quadrada com os cantos arredondados, com o que se parecem pequenos seixo” (por isso conhecidos como escrita calculiforme). [6] Em 1882 Cyrus Thomas demonstrou que a forma correta de se ler os hieróglifos maias é de cima para baixo em colunas dois a dois e da esquerda para a direita. [7] Eric Thompson demonstrou a existência de mais de 300 glifos maias.[8] A análise do alfabeto maia feita por Yuri Knorosov a partir dos textos do bispo Landa mostra mais de um mesmo símbolo para um fonema, de modo que qualquer sinal pode ter tantas referências quanto as imaginadas pelo sacerdote, único capaz de interpretar os símbolos sagrados de modo que trata-se de uma escrita muito mais ritualística do que linguística o que guarda muitas semelhanças com a escrita egípcia. Trata-se de um sistema logográfico misto combinando elementos fonéticos e semânticos.[9] Os glifos maias representam sílabas ou combinações de som acrescidas de ideogramas par remover ambiguidades.[10] Filólogos posteriores como Floyd Lounsbury parecem confirmar as teses de Knorosov de que muitos glifos maias representam sílabas que podem ser combinados para formar palavras que não necessariamente refletem a soma dos símbolos individualizados.[11] Segundo o Código Dresden [12] do norte da Guatemala o deus Itzamná é representado como um homem envelhecido inventor da escrita e patrono da aprendizagem e das ciências. Além dos deuses haviam patronos das classes e das profissões como caçadores, mercadores, agricultores, pescadores entre outros. O Código Dresden relata rituais, histórias e cantigas maias, e teria sido escrito segundo Knorosov no período tolteca maia de Chichen Itzá [13] capital maia a partir de 1000 d.c [14], último baluarte da civilização maia. A escadaria hieroglífica em Copán em Honduras foi construída em 770 d.c. tem 63 degraus cada um com trinta centímetros de altura e gravações com 2500 hieróglifos.[15] Em Copán os arqueólogos John Loyd Stephens e Frederick Catherwood descobriram em 1839 diversas colunas maias ornamentadas com inscrições em hieróglifos. [16] Copán era a capital astronômica do velho império maia, em que foram encontrados em um baixo relevo uma representação de um encontro de sacerdotes astrônomos em 6 caban 10 mol do calendário maia, que corresponde a 2 de setembro de 503 d.c. [17] O Templo dos Guerreiros em Chichen Itzá dos maias usa técnicas puuc e denuncia influência de tempos toltecas como a pirâmide de Xochicalco em Monte Albán. [18]


[1] MacGREGOR, Neil. A história do mundo em 100 objetos, Rio de Janeiro:Intrínseca, 2013, p.374; GOWLETT, John. Arqueologia das primeiras culturas. Barcelona:Folio, 2008, p.190

[2] LONGHENA, Maria. O México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 110

[3] SANTOS, Yolanda Lhuillier dos. Convite à Ciência. São Paulo:Logos, 1965, p.110

[4] CERAM, Walter. Deuses, túmulos e sábios, Rio de Janeiro:Bib. Exército, 1971, p.316

[5] HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.50

[6] TAPAJÓS, Vicente. História da América, Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1974, p. 41

[7] HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.59

[8]  HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.329

[9] COE, Michael, Os maias, Editorial Verbo:Lisboa, 1968, p.175

[10] MEGGERS, Betty. América pré histórica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 87

[11] HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.69, 330, 331

[12] FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 232

[13] COE, Michael, Os maias, Editorial Verbo:Lisboa, 1968, p.155

[15] LONGHENA, Maria. O México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 51

[16] BAITY, Elizabeth Chesley. A América antes de Colombo. Belo Horizonte:Itatiaia, 1963, p.160; COE, Michael. Antigas Américas, mosaico de culturas, v. I Madrid:Ed. Del Prado, 1997, p. 125; LEONARD, Joathan. América pré colombiana, Rio de Janeiro:José Olympio Editora. Biblioteca de História Universal Life, 1971, p.48

[17] CERAM, Walter. Deuses, túmulos e sábios, Rio de Janeiro:Bib. Exército, 1971, p.305

[18] BRION, Marcel. A ressurreição das cidades mortas, Rio de Janeiro:Ferni, 1979, p.170

[19] CERAM, Walter. Deuses, túmulos e sábios, Rio de Janeiro:Bib. Exército, 1971, p.386; HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.282



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