Os romanos desenvolveram em Pozzuoli uma mistura de água e cal que servia como liga tanto para alvenaria como para concreto. A mistura com areia vulcânica abundante nas proximidades do Vesúvio formava um produto final chamado pozzolana, puzolana[1] ou pulvis puteolanus em referência a cidade de Puteoli onde era maior sua ocorrência[2], muito próximo ao cimento atual. A descoberta foi feita quando os habitantes de Pozzuoli misturaram essa terra vulcânica local com cal e água sendo a mistura aperfeiçoada ainda no tempo de Adriano em 137 d.c.[3]. O produto foi usado na construção de portos, pontes e aquedutos. Uma argamassa mais simples com areia, cal e água já havia sido adotada em Creta antes de 1000 a.c. e em colônias gregas do sul da Itália.[4] Os romanos construíam em concreto simples (sem ferros) e com taipal (tábuas de escoramento) de tijolos ou blocos de granito que atuavam como moldes. Aplicando tais técnicas mesmo para construção de arcos, abóbodas ou cúpulas.[5] Apenas no ano de 1414 que manuscritos descrevendo as técnicas para se fazer o cimento pozolânico foram encontrados, reacendendo o interesse em se construir com concreto. A tecnologia, contudo, foi perdida e redescoberta apenas no século XVIII,[6] com os trabalhos de L. Vicat.[7] Gaius Plinius Secundus (23-79 a.c) se refere ao concreto dos antigos romanos como “uma massa rochosa única, impermeável ás ondas e a cada dia mais forte”. O porto Palestina Cesareia foi construído ao tempo do rei Herodes em menos de uma década (23 a 15 a.c.) usando-se o concreto romano, tendo sido o maior porto artificial já feito em mar aberto até então, conhecido como “Cesareia sobre o Mar”. A pozolana tinha sido transportada por embarcações da Baía de Nápoles, distante 2000 km do local de construção. Outra construção usando este concreto é o Panteão de Roma com sua cúpula de 43,4 metros e construído por Agripa entre 118 e 125 d.c Por acidente ou a partir de observações na formação de rochas vulcânicas, os construtores romanos descobriram que quando areia de cinza vulcânica oriunda de pedreiras ao redor da Baía de Pozzuoli era misturada com cal, dava-se origem a uma argamassa bem dura, a pozolana, que poderia ser depositada e curada debaixo da água. As argamassas pozolânicas são feitas com um componente aluminossilicato altamente reativo. Vitrúvio já se referia a argamassa pozolânica: “Existe um tipo de pó que por causas naturais produz fantásticos resultados. É encontrado nas vizinhanças de Baiae e em cidades que circundam Monte Vesuvius. Essa substância, quando misturada com cal e cascalho, não apenas fortalece construções diversas, mas também garante que pilares construídos no mar se tornem extremamente duros e resistentes”. Plínio o Velho se disse “maravilhado” diante da invenção do concreto por sua facilidade de preparação e utilização.[8] O segredo da constituição do cimento romano se perdeu e foi recuperado apenas no século XIX quando o francês Vicat desenvolveu uma mistura de componentes argilosos e calcários.[9]
[1]DERRY, T.; WILLIAMS,
Trevor. Historia de la tecnologia: desde la antiguidade hasta 1750,
Mexico:Siglo Vintuno, 1981, p.242
[2]CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books,
1963, p. 182
[3]BOORSTIN, Daniel. Os
criadores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1995, p.144, 146; PERKINS,
John; CLARIDGE, Amanda. Pompeii AD79, London:Carlton Cleeve Limited, 1976, p.46
[4]Time Life. Roma: ecos
da glória imperial, Rio de Janeiro:Abril, 1998, p. 25
[5]CARVALHO, Benjamin de
Araújo. A história da arquitetura, Rio de Janeiro:Edições de Ouro, p.165
[6]READERS'S DIGEST. Da
idade do ferro à idade das trevas: de 1200 a.c. a 1000 d.c, Rio de Janeiro,
2010, p.81
[7]SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.IV, Oxford,
1958, p.447
[8]Time Life. Roma: ecos
da glória imperial, Rio de Janeiro:Abril, 1998, p. 26
Nenhum comentário:
Postar um comentário