Entre os jesuítas Serafim Leite destaca os trabalhos em engenharia hidráulica como o canal de Itá serviu para completar complexo sistema de drenagem que permitiu transformar os encharcamentos dos campos de Santa Cruz em rica área de pastoreiro extensivo.[1] Em 1698 as aulas do curso de uso e manejo da artilharia do Colégio das Artes de Portugal foram ministradas no Rio de Janeiro tendo como primeiro professor o capitão engenheiro Gregório Gomes Henriques, tendo sido as aulas ministradas na cadeia da cidade, onde se encontrava preso o engenheiro Gregório Gomes por “culpas que lhe resultam de erros de seu ofício”. Mesmo preso continuava a dar aulas. A carta régia dirigida ao governador que regulava as aulas dizia que era preferível dar aulas da cadeia do que ter de preparar um complexo sistema de escolta. Um curso regular seria introduzido somente em 1700 tendo de enfrentar as dificuldades de falta de livros e instrumentos de desenhos como compassos. Em 1704 o capitão Gomes Gregório foi condenado ao degredo na colônia de Sacramento, atual Uruguai.[2] Segundo Amarílio Ferreira: “o complexo jesuítico difundia a cultura latina cristã, sua principal função, mas ao mesmo tempo ensinava ofícios e produzia mercadorias, imbricando trabalho intelectual com trabalho manual. A existência dessa relação permite considerar os colégios como unidades que estavam estruturadas nas regras do Ratio studiorum e também nas oficinas anexas de instrução de artes mecânicas”. Entre os mestres pedreiros do século XVIII destacam-se José Pereira dos Santos entre as obras destacam-se a capela de Nossa Senhora do Rosário de Mariana e a Nossa Senhora do Pilar em Ouro Preto em 1754.[3] Castiçais que pertenciam à extinta Irmandade de Nossa Senhora do Pilar foram incorporados ao mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro em 1688. Cada castiçal, que representa um rico trabalho de fundição tem 62 cm e pesa com madeira e ferro mais de cinco quilos com uma representação do medalhão de Nossa Senhora do Pilar na base do castiçal. Os atuais suportes de vela são de uma restauração do século passado.[4] Jorge Caldeira observa que a riqueza de inúmeros objetos em prata e ouro nas igrejas do século XVII não se tratava meramente de religiosidade mas de uma maneira dos proprietários da capital colocarem sua riqueza fora do alcance do fisco, sendo que muitas das Santas casas e Ordens Terceiras atuavam como bancos, emprestando a juros e financiando a produção inclusive do açúcar e tráfico de escravos contribuindo para uma forte acumulação do capital na Colônia no século XVVI e primeira metade do século XVII evitando-se assim sua evasão para a Metrópole. [5]
[1]NETO, Miranda. Fazenda Santa Cruiz: potência jesuítica 1589-1759. Revista do
Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, a. 24, n. 24, p.45, 2017; MARTINS,
Wilson. História da inteligência brasileira, v.I (1550-1794), São Paulo:USP,
1976, p. 252
[2] TELLES, Pedro Carlos da Silva. História da Engenharia no Brasil sec XVI a XIX,
Rio de Janeiro: Clube de Engenharia, 1994, p. 84
[3] Revista do IPHAN, n.16,
1968, p. 221
http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=reviphan&pagfis=4099
[4] NIGRA, Clemente Maria da Silva. A prataria
seiscentista do Mosteiro de São Bento. Revista do IPHAN n.06, 1942, p.269
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