Viajantes
reportavam que no Brasil tudo era feito “no olho”, não haviam
instrumentos para medição da produção de cana, os equipamentos se reduziam a
machados, enxadas e picaretas, sequer o arado se usava regularmente.[1] O padre Prudêncio do Amaral em 1781 em Górgicas do Brasil – Cantos sobre
coisas rústicas do Brasil , um paralelo com a obra de Virgílio, trata de
poema agrícolas descrevendo o plantio, a colheita e os principais cultivos de açúcar,
mandioca, fumo e criação de gado, ao qual Wilson Martins denomina de verdadeiro
manual do agricultor se refere a que o
trabalho agrícola era feito com a enxada porque “nunca nestas plagas
vigorara do arado ao uso” [2].
John Mawe em 1804 recomenda o uso do arado em lugar da enxada [3].
Até o último quartel do século XIX era muito mais comum o uso da enxada,
chamada de “pai Adão” do que do arado [4].
Na representação de José Bonifácio apresentada à Constituinte de 1823 e
publicada em 1825 argumentava a necessidade de melhoramentos na agricultura e a
introdução do arado e de outros instrumentos: “vê-se 20 escravos carregando vinte sacos de açúcar, quando estes
poderiam ir em duas carretas puxadas por bois ou mulas”.[5] Na cultura de algodão do século XIX John Normano observa que o arado era
completamente desconhecido, as doenças do algodoeiro não eram combatidas, não
se adotava seleção de sementes e os descaroçadores para beneficias as longas
fibras eram desconhecidos.[6] Em Pernambuco o arado, a capinadeira e a grade não eram usados embora os
plantadores de cana da Lousiana e Cuba já o utilizassem na década 1840 Os
agricultores pernambucanos alegavam que troncos de árvores e raízes dificultavam
o uso do arado sendo mais comum o uso da enxada para cavar os sulcos nas
encostas das colinas.[7] Na agricultura brasileira temos três gerações de enxadas, duas com tecnologia
africana e uma com tecnologia inglesa. Inicialmente as enxadas vieram da região
do Congo, depois foram aqui fabricadas por africanos a finalmente importadas da
Europa.[8] Até a década de 1870 era excepcional o uso de maquinaria, especialmente no Vale
do Paraíba e pequeno o uso do arado.[9] Iraci Salles destaca que no oeste paulista onde se encontrava as culturas mais
modernas de café e facilitado pela topografia difundiu-se na década de 1870 o
uso do arado e da máquina carpideira.[10].
Na exposição de 1866 no Rio de janeiro as formas inglesas Ransomes e Simms
expuseram suas charruas. Os arados de henry Rodgers Sons & Co se difundiram
nas regiões cafeeiras de São Paulo na mesma época.[11]
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