A Ordem Terceira de São Francisco de Vila Rica tinha no seu estatuto de 1765 uma proibição para admissão de “mulatos, judeus, mouros, hereges e seus descendentes até a quarta geração”. A irmandade do Carmo de Ouro Preto admitia apenas os de “sangue limpo, boa vida e costumes e capazes de pagar sua subscrição anual”. A irmandades de Minas Gerais mais ricas contratavam arquitetos, artífices e músicos servindo também como órgão de crédito para seus membros e ocasionalmente chegavam a fazer empréstimos ao tesouro da capitania.[1] Sacerdotes de ordens religiosas, inclusive a Companhia de Jesus, tinham escravos, por exemplo Frei Manuel Calado (do Salvador) (1584 –1654) da Ordem de São Paulo da Congregação dos Eremitas tinha 25 escravos à época da das Invasões holandesas do Brasil, em Pernambuco.[2] Um documento de 1775 mostra que os frades carmelitas descalços de Nossa Senhora do Carmo da Bahia tinham 34 escravos e 7 escravas. As 81 clarissas no Mosteiro do Desterro na cidade de Salvador tinham 290 escravos e 8 escravas.[3] Entre as propriedades da Companhia de Jesus destacava-se a Fazenda Santa Cruz que chegou a ter 1200 escravos que gozavam de significativa autonomia, com permissão de cultivar suas roças, comercializar seus produtos, dispondo de periódicas folgas no trabalho regular para cuidar de seus interesses. Segundo Couto Reis (1804) o sistema jesuítico era “criador, piedoso, econômico, preocupado com a sobrevivência dos escravos chefes de família que deveriam viver contentes, vestir-se e manter suas mulheres, ficando a subsistência dos filhos por conta da fazenda”.[4]
[1]MAXWELL, Kenneth. A
devassa da devassa, Rio de Janeiro:Paz e Terra, ,1985, p. 115
[2]MARTINS, Wilson. História da inteligência brasileira, v.I (1550-1794), São
Paulo:USP, 1976, p. 248
[3]MATOS, Henrique. Caminhando pela história da Igreja, Belo Horizonte: O lutador,
1995, p. 132
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