O historiador português Jaime Cortesão destaca a importância e o pioneirismo dos portugueses na empresa colonizadora frente à concorrência europeia. Gilberto Freyre (na figura) em O Luso e o Trópico (1961) aprofunda a tese de Cortesão e apresenta o que chama de “civilização luso-tropical” destacando o papel progressista do colonizador português em um momento que Portugal vinha sofrendo pressão contra suas colônias na África, dentro de um projeto salazarista de convencer o mundo dos benefícios da “eficiente” colonização portuguesa. Segundo David Ribeiro [1]: “Se antes de Gilberto Freyre, a mestiçagem era vista no Brasil como um problema a ser resolvido por meio do embranquecimento, após a publicação de Casa Grande & Senzala (1933) ela se torna um motivo de orgulho, ao ponto de se tornar uma expressão da democracia racial em que se transformara o Brasil. Eliminando os conflitos raciais presentes ou latentes, a mestiçagem, a partir da leitura de Freyre, foi operacionalizada por meio da formulação do luso-tropicalismo, uma aplicação a todo o mundo lusófono das supostas relações raciais brasileiras. Ideologia essa, por sua vez, que foi apropriada e ressignificada pelo salazarismo, sustentando a política colonial portuguesa e defendendo-a das pressões internacionais”.[2]
[1]RIBEIRO, David W. A. Cartografia das relações: as condições da produção
intelectual e os percursos da escrita histórica de Jaime Cortesão no Brasil
(1940-1957). 2015. 260 p. Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo,
2015.
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