sábado, 9 de janeiro de 2021

Vida pós morte no Antigo Egito

 

O conceito de vida após a morte originalmente estava restrito à realeza, mas como o tempo foi estendido a nobreza e as classes mais abastadas. O culto oficiais nos templos tinha uma relevância bastante limitada para maior parte das pessoas.[1] Somente a elite podia ter esperanças de um acesso direto aos deuses.[2] No império Médio (2050 a.C. e 1710 a.C dinastias XI, XII e XIII) a ideia materialista de que a outra vida não era mais do que uma continuação desta foi desaparecendo pouco a pouco confiando-se cada vez mais nos prazeres supremos no outro mundo.[3] No Novo Império (de 1550 a.c. a 1069 a.c. dinastias XVIII, XIX e XX) que teve início com o processo de união da população egípcia contra a dominação exercida pelos hicsos em seus territórios, tal esperança se ampla a mais camadas da população como se observa nos encantamentos registrados no Livro dos Mortos, um trabalho bem mais simples e barato do que a confecção de pinturas e entalhes em ataúdes.[4] Uma inscrição do início do Novo Império registra a onisciência semelhante aos deuses adquirida pel vizir Rehmire [5]. Marcel Dunan mostra que a revolução religiosa de Ackenaton (1352 a 1336 a.C, XVIII dinastia) trouxe o conceito de igualdade de classes após a morte, trouxe uma perspectiva de maior liberdade e afrouxamento dos criadores das antigas regulações das corporações de artesãos.[6] Guilherme Oncken observa que para o trabalhador do campo e da cidade no Egito Antigo a vida após morte seria uma imagem fiel deste mundo de modo que só poderiam esperar a continuação dos sofrimentos da vida terrena: “o egípcio, apesar de todas as fórmulas, não aspirava senão a continuar depois de morto a vida que até então tinha levado e por isso adornava seu sepulcro com as cenas da vida que mais lhe apraziam a a que se tinha habituado”.[7]

[1]SHAFER, Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002, p. 154

[2]SHAFER, Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002, p. 224

[3]ONCKEN, Guilherme. História Universal. História do Antigo Egito, v.I, Rio de Janeiro:Bertrand, p.142

[4]SHAFER, Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002, p. 63

[5]SHAFER, Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002, p. 92

[6]DUNAN, Marcel; BOWLE, John. Larousse encyclopedia of ancient & medieval history, Paris:Larousse, 1963, p.58

[7]ONCKEN, Guilherme. História Universal. História do Antigo Egito, v.I, Rio de Janeiro:Bertrand, p.84, 86



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