O conceito de vida após a morte originalmente estava
restrito à realeza, mas como o tempo foi estendido a nobreza e as classes mais
abastadas. O culto oficiais nos templos tinha uma relevância bastante limitada
para maior parte das pessoas.[1] Somente
a elite podia ter esperanças de um acesso direto aos deuses.[2] No
império Médio (2050 a.C. e 1710 a.C dinastias XI, XII e XIII) a ideia
materialista de que a outra vida não era mais do que uma continuação desta foi
desaparecendo pouco a pouco confiando-se cada vez mais nos prazeres supremos no
outro mundo.[3] No Novo Império (de
1550 a.c. a 1069 a.c. dinastias XVIII, XIX e XX) que teve
início com o processo de união da população egípcia contra a dominação exercida
pelos hicsos em seus territórios, tal esperança se ampla a mais camadas da
população como se observa nos encantamentos registrados no Livro dos Mortos, um
trabalho bem mais simples e barato do que a confecção de pinturas e entalhes em
ataúdes.[4] Uma
inscrição do início do Novo Império registra a onisciência semelhante aos deuses
adquirida pel vizir Rehmire [5]. Marcel
Dunan mostra que a revolução religiosa de Ackenaton (1352 a 1336 a.C, XVIII dinastia)
trouxe o conceito de igualdade de classes após a morte, trouxe uma perspectiva
de maior liberdade e afrouxamento dos criadores das antigas regulações das
corporações de artesãos.[6] Guilherme
Oncken observa que para o trabalhador do campo e da cidade no Egito Antigo a
vida após morte seria uma imagem fiel deste mundo de modo que só poderiam
esperar a continuação dos sofrimentos da vida terrena: “o egípcio, apesar de todas as fórmulas, não aspirava senão a continuar
depois de morto a vida que até então tinha levado e por isso adornava seu
sepulcro com as cenas da vida que mais lhe apraziam a a que se tinha habituado”.[7]
[1]SHAFER, Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002,
p. 154
[2]SHAFER, Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002,
p. 224
[3]ONCKEN, Guilherme.
História Universal. História do Antigo Egito, v.I, Rio de Janeiro:Bertrand,
p.142
[4]SHAFER, Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002,
p. 63
[5]SHAFER, Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002,
p. 92
[6]DUNAN, Marcel; BOWLE,
John. Larousse encyclopedia of ancient & medieval
history, Paris:Larousse, 1963, p.58
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