Os primeiros tratados técnicos de navegação começam a
surgir apenas em 1570 uma vez que a técnica de construção das caravelas era
mantida em sigilo pelos navegadores portugueses e transmitida oralmente.[1] Jaime
Cortesão mostra que a tecnologia dos artesãos portugueses era mantida em sigilo.
O carvalho para as quilhas vinham do Alentejo próximo ao Algarve que tornou-se
importante construtor naval, o pinho para os casos vinham das costas de
Portugal onde as árvores eram abatidas exclusivamente para construção naval.
Velas e cardames eram produzidas em Lagos.[2] As
Ordenações Manuelinas opuseram-se que pilotos, mestres e marinheiros
portugueses servissem a nações estrangeiras. D. Manuel condenou Diogo Pires de
Sines à perda de seus bens por haver vendido uma caravela a estrangeiros. Em
1454 um comerciante foi executado por ter vendido sua caravela a um comprador
inglês [3]. Durante
a construção da base naval de São Jorge da Mina em Gana o rei mandou destruir
duas urcas de 400 toneladas para sustentar o mito de que somente as caravelas
dispunham dos meios para fazer a viagem de ida e volta à costa da Guiné. [4] Apesar
de navegadores genoveses Antoniotto Usodimare e Antonio de Noli e o veneziano
Luis / Alvise de Cadasmoto terem navegado em naus portuguesas Jaime Cortesão
alega que eles não tiveram acesso aos segredos de construção das caravelas. [5] Um
reflexo desta política de segredo nas navegações foi a carta da Pero Vaz de
Caminha mantida em segredo na Torre do Tombo por três séculos.[6] O mapa/planisfério
de Cantino de 1502 que mostra o Brasil e a linha de Tordesilhas foi mantido em
sigilo e descoberto casualmente pelo diretor da Biblioteca Estense no forro de
uma salsicharia em 1859.[7] A carta náutica
mostra copiado possivelmente por um espião italiano de um original
português mostra uma descrição bastante
precisa da costa africana em especial da costa ocidental a norte do rio Congo.[8] As
informações de navegação eram mantidas em segredo pelos portugueses. Um agente
italiano, depois do regresso de Pedro Álvares Cabral da Índia em 1500
queixava-se “È impossível obter uma carta
de viagem, porque o rei decretou a pena de morte para quem mandasse alguma para
o estrangeiro”.[9] A cartografia era a arma secreta dos príncipes. No século XVI João Frederico
recusou-se a publicar o mapa da Saxônia mesmo estando no centro da Europa e não
alguma região distante da Europa.[10]
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