quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

O relógio de Su Song

 

Na China em 976 d.c Chang Su-Hang inventou a transmissão por correia para uso em um relógio mecãnico. Seu sucessor o relojoeiro Su Song adotou a transmissão por correia em seu imenso relógio astronômico em 1090 de cinco andares chamando-o de “escada celeste”.[1] O relógio foi construído para o imperador Shen Dzung e era montado sob uma torre de 12 metros e baseado no enchimento de água em conchas.[2] O focial do governo chinês Su Song (1020-1101) inventou em 1094 a correia dentada, um sistema de transmissão por correia sem fim em que os elos da correia se encaixavam em dentes sem deformar os escorregar e um mecanismo de escape [3]. A torre era equipada com uma esfera armilar acionada por um relógio. [4] O mecanismo é descrito nas memórias do imperador com detalhes que permite a sua reconstrução.[5] Su Song foi presidente do Ministério da Administração e posteriormente Ministro das Finanças.[6] Em 1126 a dinastia dos Song foi expulsa de Pequim pelos tártaros e Su Song refugiou-se no sul do país sem poder levar seu relógio ou construir um devido a falta de técnicos habilitados. O mercador italiano Jacob d’ Ancona menciona que na Cidade da Luz no sul da China em todas as ruas principais há relógios instalados em torres [7]. Em Pequim o relógio, sem conservação, acabou destruído na dinastia Ming em 1368 [8] considerado como “uma extravagância inútil”.[9] Trata-se de um artefato que se perdeu sendo redescoberto séculos mais tarde.[10]



[1]TERESI, Dick. Descobertas perdidas, São Paulo:Cia das Letras, 2008, p.350; McCLELLAN III, James; DORN, Harold. Science and technology on world history: an introduction. The Johns Hopkins University Press, 1999, p.133,135

[2]CHILDRESS, David Hatcher. A incrível tecnologia dos antigos, São Paulo:Aleph, 2005, p. 33; RONAN, Colin. História Ilustrada da Ciência: Oriente, Roma e Idade Média. v.2, São Paulo:Jorge Zahar, 2001, p.44, 49 https://en.wikipedia.org/wiki/Su_Song

[3]MAHAJAN, Shobhit. História das invenções, Berlim:Verlag, 2008, p. 31; TATON, René. A ciência antiga e medieval: a Idade Média, tomo I, v.III, São Paulo:Difusão, 1959, p. 70

[4]RONAN, Colin. História Ilustrada da Ciência: Oriente, Roma e Idade Média. v.2, São Paulo:Jorge Zahar, 2001, p.50; BOORSTIN, Daniel. Os descoridores. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p. 68

[5]CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 329

[6]BURKE, Peter. O polímata, São Paulo:Unesp, 2020, p. 42

[7]SELBOURNE, David. Cidade da luz, Rio de Janeiro: Imago, 2001, p. 124

[8]GIMPEL, Jean. A revolução industrial da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.129

[9]CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 330

[10]CHALLONER, Jack. 1001 invenções que mudaram o mundo. Rio de Janeiro:Ed. Sextante, 2010.p147



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