sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

O português e a construção do sentimento de nacionalidade do brasileiro

 

O historiador português Joâo Ameal, destaca o papel do colonizador português: “É pois exato afirmar que Portugal não coloniza, reparte-se, em quantas localidades se instala. Cria outros Portugais, ou melhor: cria províncias fieis ao modelo da Nação-mãe. Reparte sem reservas os seus valores espirituais e éticos, as suas estruturas cívicas, as suas normas de coexistência, os seus métodos de trabalho. Não é, de modo algum, o tipo do Povo-parasita, que se intromete em casa alheia para explorar ou oprimir; é sim, do tipo Povo-irmão: funda novos lares, que, pelos elos estabelecidos com os lares primitivos, lhe asseguram natural posição no meio deles. Enquanto dá ao Mundo novos mundos, insere-se em enraíza-se, em igualdade autêntica de liberdades e faculdades, em conjunto humano fraterno e estável, nesses novos mundos que revela. Assim acontece nas terras daÁfrica, assim na Índia e na China, assim na Oceania, assim no Brasil”.[1] O cabo Johann Saar que serviu contra os portugueses no Ceilão destaca: “Seja onde for que cheguem, pensam estabelecer-se ai para o resto da vida, e nunca mais tencionam voltar para Portugal outra vez. Mas um holandês, quando chega na ásia pensa: quando os meus seis anos de serviço acabarem, volto outra vez para a Europa [2]”. O governador geral na Batávia Antonio van Diemen destaca “A maioria dos portugueses na Índia (Ásia) consideram esta região o seu país natal. Já não pensam mais em Portugal”. O papel progressista do colono português é detacado por Joaquim Nabuco (na figura): “o Brasil e os Lusíadas são as duas grandes obras de Portugal”. Para Carlos Malheiros o sentimento nacionalista português foi transferido para colônia e levou a criação do imperium do Brasil: “Na América, os portugueses aplicaram com o máximo potencial de energia o seu nacionalismo, defendendo o território da penetração estrangeira e realizando uma obra imperecivelmente portuguesa. Repetiram no Brasil o que haviam realizado em Portugal e conseguiram por esse processo fundar a única grande nacionalidade inter tropical de projeção europeia”.[3]

[1] AMEAL, João. Breve Resumo da História de Portugal, Lisboa: Livraria Tavares Martins, 1964, p.50

[2]BOXER, Charles. O império colonial português, Lisboa: Edições 70, 1969, p. 130

[3]NABUCO, Joaquim. O lugar de Camões na literatura, conferência realizada na Universidade de Yale em 14 de maio de 1908. VASCONCELLOS, Ernesto; GAMEIRO, Alfredo; MALHEIROS, Carlos. In: História da Colonização Portuguesa no Brasil, Edição Monumental Comemorativa do Centenário de Independência do Brasil, Porto, Litografia Nacional, 1912, Primeira Parte: O descobrimento, V.1 Os precursore de Cabral, p. VI




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