O Infante D. Henrique instituíra já em 1431 na Universidade de Lisboa os cursos de aritmética, geometria e astronomia.[1] Em 1535 o cosmógrafo Francisco Faleiro publica em Sevilha o Tratado del sphera y del arte de navegar de Sevilha o mais importante tratado de navegação até então aparecido e uma amostra do domínio português na tecnologia de navegação. A primeira referência a uma escola naval só aparece, contudo, em
1559, em Lisboa, com a fundação da Aula do Cosmógrafo-mor, Pedro Nunes, quase um
século depois da morte de D. Henrique. John
Reston atribui ao mito de Sagres um produto do romantismo português do século
XVIII e que seria retomado no século XX com o ditador Antonio Salazar que
colocou o infante D. Henrique como parte do slogan nacionalista “Deus, pátria e
família”. Com a Revolução dos Cravos em 1974 o mito em torno de D. Henrique
diminuiu.[2] Carlos
Malheiros, contudo, destaca que as conquistas portuguesas não foram o resultado
de uma aventura, mas fruto do planejamento e conhecimento em
navegação e cartografia: “As navegações portuguesas, de que os descobrimentos
das Antilhas e do Brasil constituem dois dos maiores episódios tem sido
geralmente encaradas como o depoimento da audácia heroica da raça e narradas
por forma a passarem, ante a imaginação das maiorias como uma prodigiosa e
audaz aventura. Esse testemunho nada possui do que possa confundir-se com uma
aventura, na acepção vulgar da palavra. Os descobrimentos resultaram de um
plano nacional, a que presidiram concepções geográficas arrojadas,
desenvolvidas por um trabalho científico de grande envergadura”.[3]
[1]VASCONCELLOS, Ernesto; GAMEIRO, Alfredo; MALHEIROS, Carlos. In: História da
Colonização Portuguesa no Brasil, Edição Monumental Comemorativa do Centenário
de Independência do Brasil, Porto, Litografia Nacional, 1912, Primeira Parte: O
descobrimento, V.1 Os precursore de Cabral, p. L
[2]RESTON, Os cães do
Senhor, São Paulo: Record, 2008, p.126
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