A
renovação cultural promovida pelo marquês de Pombal permitiu a maior penetração
das teses iluministas em Portugal apesar de seu governo despótico. O cônego Ribeiro
Sanchez expõe este paradoxo: “Este
Ministro quis um impossível político; quis civilizar a Nação e ao mesmo tempo
fazê-la escrava: quis espalhar a luz das ciências filosóficas e ao mesmo tempo
elevar o poder real ao despotismo”.[1] Apesar da renovação promovida por Pombal nos estudos da Universidade de
Coimbra, Bernardo Pereira de Vasconcelos ao se formar em 1814 refere-se a um
ensino conservador: “O direito de
resistência, esse baluarte da liberdade era inteiramente proscrito e desgraçado
de quem dele se lembrasse. Estas e outras doutrinas se ensinam naquela
universidade, e por que ? porque está inteiramente incomunicável com o resto do
mundo científico. Ali não se admitem correspondências com as outras Academias;
ali não se conferem os graus senão àqueles que estudarem o ranço dos seus
compêndios, ali estava aberta continuamente uma inquisição, pronta para mandar às
chamas todo aquele que tivesse a desgraça de reconhecer qualquer verdade, ou na
religião, ou na jurisprudência ou na política. Daí vinha que o estudante que
saída da Universidade de Coimbra devia, antes de tudo, desaprender o que lá se
ensinava, e abrir nova carreira de estudos”.[2]
[1] COSTA, Cruz.
Contribuição à história das ideias no Brasil, Rio de Janeiro:Civilização
Brasileira, 1967, p. 57; BOXER, Charles. O império
Colonial português, Lisboa:Edições 70, 1969, p.190
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