domingo, 31 de janeiro de 2021

O paradoxo das políticas de Pombal

 

A renovação cultural promovida pelo marquês de Pombal permitiu a maior penetração das teses iluministas em Portugal apesar de seu governo despótico. O cônego Ribeiro Sanchez expõe este paradoxo: “Este Ministro quis um impossível político; quis civilizar a Nação e ao mesmo tempo fazê-la escrava: quis espalhar a luz das ciências filosóficas e ao mesmo tempo elevar o poder real ao despotismo”.[1] Apesar da renovação promovida por Pombal nos estudos da Universidade de Coimbra, Bernardo Pereira de Vasconcelos ao se formar em 1814 refere-se a um ensino conservador: “O direito de resistência, esse baluarte da liberdade era inteiramente proscrito e desgraçado de quem dele se lembrasse. Estas e outras doutrinas se ensinam naquela universidade, e por que ? porque está inteiramente incomunicável com o resto do mundo científico. Ali não se admitem correspondências com as outras Academias; ali não se conferem os graus senão àqueles que estudarem o ranço dos seus compêndios, ali estava aberta continuamente uma inquisição, pronta para mandar às chamas todo aquele que tivesse a desgraça de reconhecer qualquer verdade, ou na religião, ou na jurisprudência ou na política. Daí vinha que o estudante que saída da Universidade de Coimbra devia, antes de tudo, desaprender o que lá se ensinava, e abrir nova carreira de estudos”.[2]

[1] COSTA, Cruz. Contribuição à história das ideias no Brasil, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1967, p. 57; BOXER, Charles. O império Colonial português, Lisboa:Edições 70, 1969, p.190

[2] SODRÉ, Nelson Werneck. A história da imprensa no Brasil, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, p. 118



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