Charles
Boxer destaca que a busca pelo ouro foi um fator importante na continuação
pelas viagens ao longo da costa africana especialmente após 1442 e lista como principais
motivos a motivar o início dos descobrimentos: (i) um zelo de cruzada contra os
muçulmanos, (ii) o desejo de se apoderar do ouro de Guiné, (iii) a questão da
busca do reino do mítico Preste João e (iv) a procura das especiarias
orientais.[1] Charles Boxer lista os principais produtos explorados pelos portugueses em suas
colônias em seu império: ouro da Guiné do sudeste africano e da Samatra; açúcar
da Madeira, São Tomé e do Brasil, pimenta de Malabar e da Indonésia, o macis /
macide (na figura) do Amboíno (ilha do Arquipélago das Molucas), a canela do Celião, o
ouro, sedas e porcelana da China, os cavalos da Pérsia e da Arábia, os têxteis
de algodão de Cambaia da Índia e Choromandel / Coromandel no sudeste da Índia.[2] O padre espanhol Bartolomeu de Las Casas critica o comércio de escravos que
acompanhou a saga portuguesa no comércio com a Africa no século XVI sob a
justificativa de promover a fé cristã: “é
de maravilhar a forma como os historiadores portugueses glorificam e chamam de
ilustres esses feitos tão vis e representam a exploração como um grande
sacrifício a serviço de Deus”.[3] João Ameal observa que a Conquista da África pelos portugueses iniciada
pela conquista de Ceuta no Marrocos em 1415 tinha como objetivo promover a fé
católica e desfechar um golpe contra os muçulmanos de modo a suprimir-lhe, com
o comércio do Oriente, as bases fundamentais de sua riqueza e predomínio.[4] Com a tomada de Ceuta os portugueses assumem o controle de um dos pontos
terminais das caravanas transaarianas que traziam escravos, ouro e especiarias
do interior da África.[5] Desde a bula Sane Charissimus do papa
Martinho V concedida ao rei português D. João I a Santa Sé estimulara e
ratificara o interesse expansionista colonial português conferindo um caráter
de cruzada à conquista portuguesa na África de modo que as práticas
expansionistas articularam-se a política mercantil colonialista.[6]
[2]BOXER, Charles. O império colonial português (1415-1825). Lisboa:Edições 70,
1960, p. 70
[3]RESTON, Os cães do Senhor, São Paulo: Record, 2008, p.125
[4] AMEAL, João. Breve Resumo da História de Portugal, Lisboa: Livraria Tavares
Martins, 1964, p.38
[5] ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira,
Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 76
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