sábado, 23 de janeiro de 2021

Fernão Dulmo

 

Marcos Costa sugere que Colombo era um espião a serviço dos reis portugueses com a missão de desviar a atenção de Castela para uma rota ao oeste, de como alcançar el levante por el poniente, ao invés da promissora rota sul descoberta por Bartolomeu Dias em 1488 [1]. Esta tese, contudo, não se concilia com o fato de que Bartolomeu, irmão de Colombo, foi encarregado de buscar apoio em outras cortes europeias, como a Inglaterra de Henrique VII e a França de Carlos VIII.[2] James Reston mostra que na verdade foi o rei português João II que traiu Colombo, orientado pelo bispo de Ceuta enviando o navegador flamengo Fernão Dulmo [3] procurar ilhas no oceano ocidental seguindo os mapas que Colombo havia enviado ao rei em confiança. Uma carta de 24 de julho de 1486 de D. João II confirma o contrato entre Fernão Dulmo e João Afonso do Estreito morador de Madeira, acerca de ilhas e terras firmes que se achassem.[4]  Ao saber que o rei traíra sua confiança Colombo partiu para levar sua proposta a outras cortes europeias como França e Inglaterra de Henrique VII [5]. Com a batalha de Toro e o fim da longa disputa sucessória entre Portugal e Espanha o tratado de Alcáçovas de 1479 já estabelecera que as descobertas ao longo da costa da África seriam de Portugal.[6] Castela deixou de reivindicar as ilhas do Cabo Verde, Madeira e Açores mas manteve as Canárias que se tornariam um ponto de apoio fundamental para a conquista da América. Em 1481 com a bula Aeterni regis o papa Sixto VI sancionou e abençoou as conquistas portuguesas na África.[7]

[1]COSTA, Marcos. O livro obscuro do descobrimento do Brasi, Rio de Janeiro:Leya, 2019, p. 98

[2]MIGLIACCI, Paulo. Os descobrimentos: origens da supremacia europeia, São Paulo:Scipione, 1994, p. 50; BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.216; RESTON,James. Os cães do Senhor. São Paulo: Record, 2008, p. 198

[3]BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.215, 250

[4]VASCONCELLOS, Ernesto; GAMEIRO, Alfredo; MALHEIROS, Carlos. In: História da Colonização Portuguesa no Brasil, Edição Monumental Comemorativa do Centenário de Independência do Brasil, Porto, Litografia Nacional, 1912, Primeira Parte: O descobrimento, V.1 Os precursores de Cabral, p. E

[5]RESTON,James. Os cães do Senhor. São Paulo: Record, 2008, p. 144

[6]RESTON,James. Os cães do Senhor. São Paulo: Record, 2008, p. 64

[7]RESTON,James. Os cães do Senhor. São Paulo: Record, 2008, p. 128



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