Um modo de se entender o quanto improvável era a Inglaterra de ter planos de instalar uma fábrica têxtil no Brasil colônia de 1809 é se observar na mesma época as dificuldades de transferência de tecnologia nesta época. Samuel Slater um jovem aprendiz de um dos parceiros de Arkwright em Derbyshire copiou os teares ingleses de Arkwright e emigrou para Rhode Island nos Estados Unidos em 1789, com apenas vinte e um anos, estabelecendo junto com Moses Brown uma fábrica em Pawtucket, Rhode Island. Ele tomou o cuidado de não levar na viagem quaisquer documentos ou desenhos ao embarcar para não ser preso, uma vez uma lei inglesa de 1781 proibia a exportação dos desenhos de máquinas [1], memorizando tudo para reproduzir em uma réplica que montou tão logo chegou aos Estados Unidos.[2] Entre 1790 e 1800 estabeleceu-se um total de doze grandes fábricas de tecidos e Slater ficou rico. Em 1808 cerca de quinze fábricas nos Estados Unidos trabalhavam o algodão usando as máquinas de Slater. O presidente dos Estados Unidos o chamou de “o pai da revolução industrial nos Estados Unidos” ao passo que na Inglaterra ficou conhecido com “Slater, o traidor”. A esposa de Slater, Hannah (Wilkinson) Slater desenvolveu um tipo de linha de costura de algodão tendo sido a primeira mulher a receber uma patente nos Estados Unidos. Slater conseguiu estabelecer diversas fábricas e seu lucro líquido chegou a 1.2 milhões de dólares em 1835 quando faleceu. [3] Em 1812 foi a vez de Francis Cabot Lowell, formado da Universidade de Harvard, copiar os teares ingleses estabelecendo uma fábrica em Lowell em Massachusetts, conhecida como “a Manchester das Américas”. Em pouco tempo Francis Lowell fez pressão junto ao governo norte americano para garantir tarifas protecionistas que garantissem sua produção contra a concorrência dos produtos ingleses.[4]
[1] MANTOUX, Paul. A
revolução industrial no seculo XVIII, São Paulo:Unesp, p.252; INKSTER, Ian. Science and technology in history, London:MacMillan, 1991, p. 50;
FREEMAN, Chris; SOETE, Luc. A economia da inovação industrial, São Paulo:Ed. Unicamp,
2008, p.94
[2]FREEMAN, Chris; SOETE,
Luc. A economia da inovação industrial, São Paulo:Ed. Unicamp, 2008, p.94; ZISCHKA,
Anton. A Guerra secreta pelo algodão, Porto Alegre: Globo, 1936, p.50
[3]WILKOF, Neil. Samuel Slater and the American industrial revolution:
trade secret misappropriation then and now trade secret misappropriation then
and now, 17/07/2015
http://ipkitten.blogspot.com.br/2015/07/samuel-slater-and-american-industrial.html
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