Nietzsche observa que os poetas romanos traduziram as obras dos gregos sem o rigor histórico, buscando imprimir sua marca, assim Horácio traduziu Alceu e Arquilóquio; Propério traduziu Calímaco e Filetas: “De fato, traduzir era então conquistar, não somente negligenciando o histórico, mas ainda acrescentando uma alusão a um acontecimento contemporâneo, e, antes de tudo, apagando o nome do original para colocar o próprio no lugar – não se tinha, contudo, intenção de roubar; pelo contrário, agia-se com a melhor consciência do Imperium Romanum”[1] Os romanos usavam uma rede de caça chamada ‘plaga’ para caçar tanto animais selvagens quanto pessoas, de modo que a palavra ‘plagium’ significava um sequestro. O historiador romano Suetônio já explicava, no séc. I d.C., que haviam duas formas de ‘plagium’, ambas severamente punidas pelo imperador Augusto: vender pessoas livres como escravas, e roubar escravos para a vendê-los. Na Roma Antiga o poeta Marcial Valerius no século I aplicou o termo plagiarius, que era usado para o caso de roubo de escravos, ao roubo literário, da qual assim como Horácio e Virgílio alegam terem sido vítimas. O termo em francês plagiaires começa a ser usado somente no século XVII e no inglês plagiary em 1601.[2] Para Marcial um poema, de que outro autor se havia apropriado, era como uma criança que tivesse caído em mãos de um sequestrador.[3] Ao argumentar contra Fidentino, suposto plagiador de sua obra, Marcial expõe (Epigrama 30, Livro I): “segundo consta, Fidentino, tu lês os meus trabalhos ao povo como se fossem teus. Se queres que os digam meus, mandarte-ei de graça os meus poemas; se quiseres que os digam teus, compra-os, para que deixem de ser meus [...] quem busca a fama por meio de poesias alheias, quem lê como suas, deve comprar não o livro, mas o silêncio do autor”.[4]
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