terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Emigração de portugueses ao Brasil colônia

 

Um fator que explica o crescimento do mercado interno na colônia foi o crescimento cada vez maior de imigrantes vindos da metrópole. Portugal vinha emitindo sucessivas cartas régias no intuito de restringir a emigração como a de 1667, 1674, 1694, os decretos de 1709 e 1711 e as provisões de 1709, 1713 e 1744. A lei de 1720 dizia: “não tendo bastado as providências dos decretos de 1709 e 1711 para obstar a que do reino passe para o Brasil a muita gente que todos os anos dele se ausenta, mormente da província do Minho, que sendo tão povoada, já não tem a gente necessária para a cultura das terras, cuja falta é tão sensível, que se torna urgente acudir com um remédio eficaz, a frequência com que se vem despovoando o reino”.[1] Em tom de exagero o Triunfo Eucarístico de 1734 um texto em referência a festividade realizada em 1733 na cidade brasileira de Ouro Preto, então Vila Rica, que marcou a trasladação do Santíssimo Sacramento da Igreja do Rosário e a sua condução triunfal até a Igreja do Pilar, afirma que “meio Portugal já emigrara para o Brasil” em reflexo à busca pelo ouro de Minas Gerais que fez a capitania ultrapassar os trezentos mil habitantes em 1776.[2] Lemos Brito comenta lei do século XVIII sob o impacto da lei que vetava a construção de fábricas na colônia, exigia que o colono português que auferisse alguma riqueza no Brasil seria obrigado a retornar à metrópole, porém para não ter de regressar ele construía casebres simples, em local da cidade que Manuel de Araújo Porto Alegre (1806-1879) se referia como  “cidade das três portinhas” onde ia morar de modo a provar que continuava pobre. Segundo Lemos Britto os morros de casebres, as favelas da cidade, tiveram essa origem.[3]



[1] BRITO, José Gabriel Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v. 155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.9

[2] AQUINO, Fernando, Gilberto, Hiran. Sociedade brasileira: uma história, São Paulo: Record, 2000, p.217

[3] BRITO, José Gabriel Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v. 155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.162; MATTOS, Euclides, Das Bellas Artes no Brasil, v.III. Arquitetura, Rio de Janeiro, 1917, p.32 https://bdor.sibi.ufrj.br/bitstream/doc/628/1/817702.pdf TRAJANO FILHO, Francisco Sales. A cidade das três portinhas": Arquitetura, cidade e colonização portuguesa na visão de Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879). In: XI Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, 2010, Vitória/ES. Anais eletrônicos do XI Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, 2010.FILHO, Adolfo Morales de Los Rios. Grandjean de Montigny e a evolução da arte brasileira, Empresa A Noite: Rio de Janeiro, 1941 http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_iconografia/icon326659/icon326659.pdf



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