Walter Raleigh no século XVI se refere as amazonas
como mulheres guerreiras que trocavam ouro por pedras de jade ou uma variedade
de feldspato chamada de amazonita. Sua existência também é relatada na mesma
época por Hernando de Rivera no Paraguai e por André Thévet, ou por Jean
Mocquet em 1617 [1].
Segundo o relato de frei Gaspar de Carvajal (1504-1584) os próprios índios
alertaram Francisco de Orellana sobre as amazonas e sugeriam que fossem “ver
as amazonas, que na sua língua era coniupuiara, o que significava grandes senhoras,
mas que prestássemos atenção no que fazíamos, porque éramos poucos e elas
muitas, para que não nos matassem”. [2] Frei
Gregorio Garcia em Origen de los índios
del Nuevo Mundo e Indias Ocidentales publicado em 1607 sugerira que as
amazonas encontradas no Brasil eram mulheres guerreiras que teriam vindo da Grécia
a partir da viagem dos argonautas gregos. Segundo a lenda mulheres amazonas que
teriam atacado Orellana em 1541 retiravam pedras conhecidas como muiraquitãs de
um lago chamado espelho da lua para presentear os homens que as visitavam
anualmente.[3] Em 1735 o astrônomo Charles Marie de La Condamine em sua viagem ao longo do
Amazonas para medição do arco meridiano (para confirmar a tese de Newton de que
a Terra era achatada nos pólos, ao contrário de Cassini que acreditava que
fosse achatada no equador) descreve amuletos batraquianos em pedras verdes
semelhantes ao jade: "há entre os
Tapajós, mais facilmente do que alhures, as pedras verdes conhecidas com o nome
de pedras das Amazonas, cuja origem é ignorada e que foram muito procuradas
outrora, por causa das virtudes que lhes eram atribuídas na cura do cálculo e
da eólica renais, bem como da epilepsia", também descritos por Spix e
Martius como pierres divines em
madrepérola e com nome de muiraquitã.
Tratam-se de artefatos cuidadosamente esculpidos, em mineral ou rocha verde,
normalmente jade nefrítico, que tinha um grande valor simbólico, usado para
vários fins, mas principalmente como amuleto para prevenir doenças. De La
Condamine as decreve em Voyage sur
Amazone (1735-1745) e von Martius (1867) em Beitrãge zur Ethnographie und Sprachenkunde Amerikas zumal Brasiliens.
Os relatos de La Condamine que incluem a existência das lendárias amazonas
causou alvoroço nos círculos intelectuais europeus o que fez Alexander von
Humboldt comentar que talvez ele tenha defendido a existência das amazonas e
seus exóticos costumes “para se
aproveitar de uma generosa recepção numa sessão pública da Academia de Ciências
e de sua ansiedade por ouvir coisas”.[4] Antropólogos
e arqueólogos ainda não conseguiram entender como esses povos tapajós
localizados nas proximidades de Santarém poderiam, com instrumentos
rudimentares e improvisados, chegarem a produtos tão bem esculpidos, elaborados
e polidos.[5] Para
Barbosa Rodrigues, que escreve em 1875, estas peças, possivelmente usadas como
pendentes em colares, tem origem asiática.[6] Josué
Camargo Mendes observa que a tese de procedência asiática se desfez quando se
descobriu a ocorrência de nefrita ou jadeíta na região.[7] Ladislau
Neto atribui a etimologia a mira – nação, ki – chefe, itá – pedra, ou sej,
“pedra do chefe da nação”. Uma das muitas lendas de sua origem atribui as
pedras como presentes dados pelas amazonas aos homens com quem mantinham
relações, o que explicaria seu formato sexual.[8] Humboldt
descreve alguns destes amuletos entre habitantes das margens do rio Negro.[9]
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