Com o ressurgimento das cidades os habitantes das antigas vilas no campo passam a ser denominados de vilãos - villani / vilanus como um ser grosseiro, rusticus do qual não se pode esperar nada além da vilania.[1] O trabalhador medieval são descritos por um documento de 1120 descrevendo as leis de Henrique I da Inglaterra como desprezíveis e subordinados “viles et inopes persone”.[2] Robert Fossier observa que no campo nem todos as pessoas da aldeia foram rejeitadas tais como o pedreiro, o ferreiro e o moleiro tidos como “homens de arte”.[3] Paulo Miceli observa que “a cidade representava a possibilidade de ser livre, desvencilhando-se dos estreitos laços de dominação que mantinham a rede de poder na Idade Média”.[4] Max Weber observa que “as cidades não nasceram das guildas – como muitas vezes tem se acreditado – senão pelo contrário, o fenômeno geral é o de que as guildas nasceram nas cidades [...] Tampouco eram as guildas os únicos tipos de uniões nas cidades. Junto delas temos, por um lado, as uniões religiosas que, no aspecto profissional, são heterogêneas, e, por outro lado, as uniões puramente econômicas e articuladas profissionalmente: os grêmios”. Max Weber observa que o surgimento das guildas ocorre de forma paralela as fraternidades religiosas, tais como a fraternidade de tecelões de Colônia de 1180, uma das mais antigas.[5]
[1] BONNAISSE, Pierre.
Liberdade e servidão. In: LE GOFF, Jacques;
SCHMITT, Jean Claude. Dicionário
analítico do Ocidente medieval. v.II, São Paulo:Unesp, 2017, p. 81; FOSSIER,
Robert. O trabalho na idade média. Rio de Janeiro: Vozes, 2018, p. 54
[2]DONKIN, Richard. Sangue, suor
e lágrimas, Sâo Paulo:Macron Books,2003, p. 35
[3]FOSSIER, Robert. O
trabalho na idade média. Rio de Janeiro: Vozes, 2018, p. 164
[4]MICELI, Paulo. O
feudalismo, São Paulo: Atual, 1986, p. 47
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