sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

A medida da longitude por Colombo

 

O método direto para o cálculo de longitude usado por Colombo exigia dois relógios. Um deles definia a hora exata no ponto de origem, supondo que se soubesse a longitude nesse local, e o outro registrava a hora em sua posição no mar por exemplo consultando-se o momento em que o sol se colocava o ponto mais alto de sua curva no lugar e que se posiciona o navio, isto é, ao meio dia. A diferença entre as duas marcações indicava a posição longitudinal: cada quatro minutos de diferença eram traduzidos para um grau de longitude, ou 68 milhas no equador. No entanto, com a tecnologia da época e uma precisão de vinte minutos por dia, as medidas tornavam-se praticamente inúteis em poucos dias de viagem. [1] Na viagem de Colombo cabia a um grumete virar uma ampulheta de meia em meia hora para saber o horário exato. Para medir a velocidade do barco atavam-se nós com intervalos de 7 braças a uma corda atada a uma barquilha que flutuava à popa de modo que o marinheiro contava o número de nós que saíam enquanto uma ampulheta media meio minuto. Se saíam 6 nós no intervalo então o navio estava numa velcidade de 6 milhas náuticas por hora.[2] Em dia de mau tempo a passagem da areia sofria perturbações que afetavam a medida [3]. Com as efemérides de Regiomontanus calculadas para o meridiano de Nuremberg publicada em 1475 ou pelo Almanach perpetuum de Zacuto calculado para o meridiano de Salamanca publicado em 1496, Colombo tinha uma alternativa para o cálculo de longitude, além de impressionar os índios ao prever um eclipse lunar.[4] Numa folha do Libro de las Profecias, Colombo escreve suas anotações sobre os eclipses lunares, uma em 1484 e outra em 1504.[5]



[1] JOHNSON, Steven. Como chegamos aqui, Rio de Janeiro:Zahar, 2015, p.142; DERRY, T.; WILLIAMS, Trevor. Historia de la tecnologia: desde la antiguidade hasta 1750, Mexico:Siglo Vintuno, 1981, p.298

[2] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.45

[3] HERRMANN, Paul. A conquista das Américas. Sâo Paulo:Boa Leitura, 1960, p.47

[4] MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutia, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p. 182

[5] VASCONCELLOS, Ernesto; GAMEIRO, Alfredo; MALHEIROS, Carlos. In: História da Colonização Portuguesa no Brasil, Edição Monumental Comemorativa do Centenário de Independência do Brasil, Porto, Litografia Nacional, 1912, Capítulo 2: A arte de navegar dos portugueses, p.85




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