Eudoxo relata uma tentativa fracassada de circunavegação da África.[1] Há um relato de Heródoto que revela uma expedição fenícia que teria circunavegado a costa africana em 600 a.c. comissionada pelo faraó Necho / Neco em viagem que durou três anos [2]. Estrábão relata a crença de Erastótenes na possibilidade de alcançar a Índia pelo oriente, enquanto que um século mais tarde Eudóxio de Cízico empreendeu a circunavegação da África [3]. Um friso do templo da rainha Hatshepsut, herdeira de Tutmósis I, em Deir el Bahari em Tebas no Egito mostra o príncipe Parehu / Parihu e sua mulher a rainha Ati / Puanit uma dama da chamada Terra Punt / Punto, atual Somália,[4] de onde havia sido encaminhada uma frota de navios em 1940 a.c para uma expedição para aquisição de grandes quantidades de ouro, madeira nobre e incenso [5] obedecendo a um oráculo do deus Amon [6]. Esta dama apresenta formas corpulentas que a aproxima das características de esteatopigia, hipertrofia das nádegas ocasionada pelo acúmulo natural de gordura na região, sobretudo em tribos da África meridional, como bosquímanos e hotentotes [7]. Segundo 1 Reis10:11 se refere ao comércio de Israel com Ofir que envolve ouro, madeira e pedras preciosas. Herbert Wendt aventa a possibilidade do Ofir bíblico e o Punt egípcio serem o mesmo local e que revela uma comunicação comercial do Egito com a África meridional. Paul Herrmann sugere tratar-se do Zambese ou da Somália [8]. Para Herbert Wendt o príncipe representado no mesmo friso tem cabelo curto [9], usa barba e tem traços europeus o que pode revelar que em Ofir/Punt na África do Sul havia a presença de europeus, o que reforçaria a informação de Heródoto da existência desta comunicação. Imannuel Velikovsky observa que as embarcações não poderiam ter retornado por mar uma vez que na época não havia canal de Suez, de modo que os produtos teriam de retornar por caravanas pelo deserto [10]. Uma descoberta recente no norte de Quseir confirmou que as expedições a Punt se faziam por mar.[11] Paul Herrmann observa que embora não haja documentação sobre o conhecimento dos egípcios sobre as monções, é uma hipótese bastante razoável diante do tráfego regular com o Punt realizado durante a sexta dinastia.[12] O espanhol Arias Montano publicou em 1539 a obra Antiguidades Judaicas onde afirma que os indígenas nas Américas eram descendentes de judeus. A palavra Peru seria um anagrama de Ofir o país oriental onde os judeus buscavam ouro em troca de mercadoria de valor. O Peru tal como Ofir seria muito rico em ouro e a palavra índio seria uma corruptela de iudio em referência aos judeus colonizadores. [13]
[1] CANTU, Cesare. História
Universal, v. IV, São Paulo:Editora das Américas, 1958, p.132
[2] STEVERS, Martin. A
inteligência através dos séculos. São Paulo:Globo, 1946, p.255; ROSS, Norman.
The epic of man, Life Magazine, 1962, p. 133
[3] HARRIS, J. O legado do
Egito, Rio de Janeiro:Imago, 1993, p.342
[4] MATTOSO, Antonio.
História da civilização, Lisboa:Ed Sá da Costa, 1952, p.46; JOHNSON, Paul.
História Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 61
[5] HERRMANN, Paul. As
primeiras conquistas. São Paulo:Boa Leitura Editora, 3ª edição, p. 61, 62, 65
[6] KELLER, Werner, E a
Bíblia tinha razão, Sâo Paulo: Melhoramentos, 1964, p.176
[7] STROUHAL, Eugen. A vida
no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 244
[8] HERRMANN, Paul. As
primeiras conquistas. São Paulo:Boa Leitura Editora, 3ª edição, p. 70
[9] TIRADRITTI, Francesco.
Tesouros do Egito do Museu egípcio do Cairo, White Star Pub, 1998, p.165
[10] WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New
York:Quest, 2012, p. 349
[11] MOKHTAR, Gamal.
História geral da África, II: África antiga, Brasília : UNESCO, 2010, p.110
[12] HERRMANN, Paul. As
primeiras conquistas. São Paulo:Boa Leitura Editora, 3ª edição, p. 65
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