A escolástica de Alberto Magno em De natura locorum (1250) e Roger Bacon em Opus Majus (1264) apontavam a existência de uma terra habitada entre os antípodas.[1] O termo antípoda designa as regiões situadas do outro lado da Europa, a origem do termo é grega significando literalmente "pés opostos" (as pessoas que habitariam nos antípodas caminhariam "ao contrário"). Para aqueles que imaginavam a Terra chata como um disco, não poderiam existir antípodas. A descoberta do novo continente da América ignorado por autoridades como Ptolomeu representou um contundente questionamento à autoridade do conhecimento dos antigos. Segundo Ian Mortimer: “A última década do século XV foi, portanto, nada menos do que uma época de revolução na cognição humana: o brusco advento de uma forma totalmente nova de pensar sobre o mundo, não mais restringida por conhecimentos anteriores e, de fato, compelia a ir além deles”.[2] Para muitos europeus, ainda que pudessem haver habitantes foram do ecúmeno conhecido, os índios encontrados na América não tinham alma. Paracelso em 1520 afirmara que os índios não eram descedentes de Adão e Eva. A questão somente foi resolvida pelo papa Paulo III com a bula Universis Christi Fidelibus de 1536 em que afirmou que os indígenas eram verdadeiramente homens, portanto, passíveis de evangelização.[3] Em 1550, na cidade espanhola de Valladolid, o missionário Bartolomeu de Las Casas e o teólogo Juan Ginés de Sepúlveda debateram o conceito de guerra justa.[4]
[1]RANDLES, W. Da terra plana ao globo terrestre, Campinas: Papirus, 1994, p. 18
[2]MORTIMER, Ian. Séculos
de transformações. Rio de Janeiro:DIFEL, 2018, p. 148
[3]AQUINO,
Fernando, Gilberto, Hiran. Sociedade brasileira: uma história, São Paulo:
Record, 2000, p.14
Nenhum comentário:
Postar um comentário