sábado, 19 de dezembro de 2020

Carros de combate egípcios

 

Walter Ceram destaca o uso da carreta leve de batalha com rodas puxada por cavalos adestrados como uma invenção decisiva dos hititas na batalha de Kadesh entre o faraó egípcio Ramses II e o rei hitita Muwatallis em 1285 a.c. tendo revolucionado a estratégia militar[1]. Cada carreta de guerra hitita leva três homens: o condutor e um guerreiro a cada lado dele [2]. Leonard Wooley descobriu carretas sumerianas antigas datando de 3000 a 2700 a.c nos túmulos reais de Ur. [3] Uma caixa de madeira com mosaico incrustado encontrado no cemitério real de Ur no Iraque datada de 2600 a.c. revela uma das representações de bigas mais antigas.[4] Os cassitas (1530 a.c.) mostram o uso de carros com duas rodas que usualmente transportava dois soldados sendo um na direção dos cavalos.[5] As charretes introduzidas foram importantes para Mesopotâmia intensificar o comércio com os povos da costa da Anatólia e o Levante.[6] Da Síria tais carretas foram difundidas rapidamente para o Egito que já são mencionadas em obras da XVIII dinastia.[7] Um relicário guarda joias mostra cena de guerra do faraó Tutancamon “o mais destemido do que nenhum outro” em campanha na Núbia, encontrada na tumba de Tutankamon (1333-1323 a.c.). Um baixo relevo no templo de Beit el Qualli na Núbia mostra Ramsés II conduzindo um carro de origem hitita.[8] No milênio II a.c. na região de Fezzan na África são identificados cenas de carros com duas rodas puxados por cavalos a galope.[9] O uso do carro de duas rodas explica o sucesso dos invasores bárbaros na Suméria, Acádia e Egito no século XVIII a.c.[10] A Bíblia em 1 Reis 10:28 se refere as importações de Israel de quadrigas trazidas do Egito: “E traziam do Egito, para Salomão, cavalos e fio de linho; e os mercadores do rei recebiam o fio de linho, por um certo preço. E subia e saía um carro do Egito por seiscentos siclos de prata, e um cavalo por cento e cinqüenta; e assim, por meio deles, eram exportados para todos os reis dos heteus e para os reis da Síria”.

[1]STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 209; STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 208

[2] CERAM, Walter. O segredo dos hititas, Belo Horizonte:Itatiaia, 1961, p. 155; RACHET, Guy. Readers's Digest. As grandes civilizações desaparecidas, Lisboa:1981, p.105

[3] COON, Carleton. A história do homem. Belo Horizonte:Itatiaia, 1960, p.248

[4] MacGREGOR, Neil. A história do mundo em 100 objetos, Rio de Janeiro:Intrínseca, 2013, p.106

[5] ROBERTS, J.M. history of the world, Oxford University Press, 1992, p.72

[6] HODGES, Henry. Technology in the ancient world, New York: Barnes & Noble Books, 1970, p. 137

[7] MONTET, Pierre. O Egito no tempo de Ramsés: a vida cotidiana, Sâo Paulo:Cia das Letras, 1989, p.243

[8] Readers's Digest. As grandes civilizações desaparecidas, Lisboa:1981, p.118

[9] Grande História Universal: o princípio da civilização, Barcelona:Folio, 2001, p.79

[10] TOYNBEE, Arnold. A humanidade e a mãe terra, Rio de Janeiro:Zahar, 1976, p.126



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