sábado, 19 de dezembro de 2020

Feiras de Champagne

 

As feiras de Champagne estabeleciam uma relação entre os países baixos e a Itália desde o século XII até o século XIV. As guildas comerciais surgidas especialmente após o final do século XII controlam a economia urbana estabelecendo uma relação direta entre produtores artesãos e meios de produção. Somente ns cidades flamengas e italianas chegou a surgie um estrato assalariado de trabalhadores urbanos de certa importância. Em Florença, Basileia, Estrasburgo e Gand tais guildas de artesãos ocuparam posições importantes no poder político municipal.[1] Os tecelões mais ricos não somente viajavam às feiras em Champagne para vender seus tecidos como empregavam tintureiros e tecelões bem como pequenos mestres de outros ofícios. Uma ordenança de 1270 mostrava uma clara distinção entre tecelões que distribuíam o trabalho e os mestres tecelões que eram empregados por eles. As feiras de Champagne pela utilização de letras de crédito exercem papel fundamental na expansão do comércio medieval [2]. No início do século XIII o rei francês Filipe Augusto deu salvo conduto régio aos mercadores que se dirigissem para a feira de Champagne.[3] Feria em latim significa dias de festa ou repouso, ocasião em que os mercadores organizavam suas mercadorias em praça pública, e que passaram a ser conhecidas como feiras.[4] Em Flndres do século XIV haviam diversas feiras, com as de Ypres, Thourout, Lille e Messine.[5] As feiras eram imunizadas pela “paz do mercado” assegurando alojamentos e armazenamento das mercadorias e pela anulação do aubaine que conferia ao senhor feudal o direito de se apossar dos bens daquele que morresse em suas terras.[6] Segundo Jacques le Goff “Há, inicialmente, os salvo-condutos concedidos em toda a extensão das terras condais. Em seguida, a isenção de todas as taxas servis sobre os terrenos onde se construíram alojamentos e estabelecimentos comerciais. Os burgueses foram, isentados das talhas e dos foros em troca de taxas fixas resgatáveis. Os terrádegos e as banalidades foram abolidos ou limitados consideravelmente. Esses mercadores não estavam sujeitos nem aos direitos de represailles e de Marque, nem ao direito de aubaine e de épave. Os condes, sobretudo, asseguravam o policiamento das feiras, controlavam a legalidade e a honestidade das transações, garantiam as operações comerciais e financeiras”.[7] No final do século XIII as feiras entram em declínio com o incremento do comércio marítimo entre o Norte da Europa e o Mediterrâneo.[8] Pierre Monet mostra o desenvolvimento do sistema de feiras a partir do século XII e das grandes companhias marítimas de comércio do século XIII para comércio de longa distância não fez com que desaparecesse o mercador isolado e itinerante do comércio local.[9]

[1]ANDERSON, Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo, Porto: Afrontamento, 1982, p. 215

[2]PERROY, Edouard. A idade média: o período da Europa feudal (sec. XI - XIII), tomo III, v. 2, São Paulo:Difusão Europeia, 1974, p. 133

[3]JÚNIOR, Hilário Franco. A idade média nascimento do Ocidente, São Paulo:Brasiliense, 2004, p.41

[4]PIMENTA, Reinaldo. A casa da mãe Joana. Rio de Janeiro: Campus, 2002, p. 91

[5]MONTEIRO, Hamilton. O feudalismo: economia e sociedade, São Paulo:Ática, 1987, p.66

[6]AQUINO, Fernando, Gilberto, Hiran. Sociedade brasileira: uma história, São Paulo: Record, 2000, p.37

[7]LE GOFF, Jacques. Mercadores e Banqueiros da Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1991

[8]LOYN, Henry. Dicionário da idade média. Rio de Janeiro:Jorge Zahar, 1997, p.87

[9]MONNET, Pierre. Mercadores. In: LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean Claude. Dicionário analítico do Ocidente medieval. v.II, São Paulo:Unesp, 2017, p. 212


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