Claudio
Manuel da Costa deixou registrado em seu poema Vila Rica [1],
em uma nota de página o registro da introdução de rodas para esvaziamento das
catas, conhecida como “rodas do rosário” no ano de 1711, por um clérigo alcunhado “Bonina Suave”, em que se erigia no mesmo
lugar a Vila Rica de Albuquerque [2].
O mecanismo era formado por duas rodas cujo diâmetro variava de quatro a seis metros
unidas por tábuas formando recipientes, sendo as rodas movimentadas pela
passagem da água que acionava por meio de uma corrente, caixões de madeira
abertos e inclinados de modo a mergulhar no rio e subir cheio de lama para
depois ir despejando por inclinação seu conteúdo. O mesmo mecanismo também é
mencionado pelo mineiro de Serro Frio, João Barbosa Moreira. [3] Lemos Brito observa que antes da vinda de D. João VI as únicas máquinas
hidráulicas conhecidas era o rosário. O ouro aproveitado era o que vinha em
pepitas, em folhetas ou em pó, pois ainda não se conhecia a extração de metal
pelo antimônio ou pelo azougue.[4] Segundo
Sérgio Buarque de Holanda: “Só por volta
de 1725 se aperfeiçoaria, no entanto, essa máquina, se é exato que em Vila
Rica, nesse tempo melhorou-a Manuel Pontes, alcançando logo privilégio para
fabricá-la”.[5] Sérgio
Buarque de Holanda destaca o pouco empenho dos portugueses em aperfeiçoar as
técnicas de mineração, sendo seu interesse maior em montar uma estrutura fiscal
para arrecadação de tributos.[6] O governador Antonio de Albuquerque em 1711 se queixa da “necessidade que havia da arte de minerar debaixo de preceito, e que o
ouro se não tirava por falta de ciência”. Em 1780 o desembargador José João
Teixeira relata o mesmo problema: “sempre
os mineiros foram fazendo os serviços minerais a seu arbítrio. Nunca passou a
Minas um único engenheiro que pudesse dirigir os mesmos serviços”[7]
[1] LAGO, Pedro Correa.
Brasiliana IHGB 175 anos, Rio de Janeiro:Capivara, 2014, p. 328
[2]GAMA, Ruy. Engenho e
tecnologia, São Paulo: Duas Cidades, 1983, p.135
[3]PRIORE, Mary del.
Histórias da gente brasileira, Vol. 1 Colônia. Rio de Janeiro:Leya, 2016, p.
114
[4]BRITO, José Gabriel Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil.
Brasiliana v. 155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.120
[5]HOLANDA, Sérgio
Buarque. História Geral da Civilização Brasileira, A época Colonial:
administração, economia, sociedade, tomo II, volume 1, São Paulo:Difel, 1982,
p. 275
[6]HOLANDA, Sérgio
Buarque. História Geral da Civilização Brasileira, O Brasil monárquico:
dispersão e unidade, tomo II, volume 2, São Paulo:Difel, 1964, p. 367
Nenhum comentário:
Postar um comentário