Para Murillo Cruz: “os
pensadores gregos, á exceção de Aristóteles, não condenavam simplesmente a experiência
sensorial. Mas o que condenavam era a possibilidade da avaliação da verdade
fundar-se nessa experiência. A avaliação e o fundamento da verdade deveriam vir
da razão, como logos contemplativo [...] O fundamento da verdade se dará,
portanto, na metafísica clássica, como uma busca/recebimento de um fundamento,
de um princípio imutável das coisas e dos entes. O fundamento da verdade se
dará, então, como descoberta, desvelamento (ou revelação) como exercício da
razão (logos) contemplativa, e não como criação subjetiva autônoma, como
exercício da razão experimental da modernidade”.[1] Platão no Fedro diz “conhecer é
recordar, é superar a queda, é libertar-se do humano, é transcender”.[2] Werner Jaeger destaca o desprezo
dos gregos pelas técnicas como parte de sua cultura: “os gregos acreditavam que os verdadeiros
representantes da paideia eram não aqueles que fazem profissão das coisas mudas
(escultores, pintores, arquitetos) , mas os poetas, os músicos, os oradores
(entenda-se homens do Estado) assim como
os filósofos [...] Por essência, uma pintura, uma estátua era uma agalma, um
ornamento”.[3] Lilian
do Valle considera “estranha e
tendenciosa” esta afirmação de
Jaeger, pois eu seu entendimento a oposição de Platão não era contra as
técnicas em si, mas contra a retórica, ou seja, a capacidade de persuasão,
presente no discurso de seus adversários que camufla suas reais intenções
ocultando o acesso à verdade.[4]
[1]CRUZ, Murillo. A norma
do novo, Rio de Janeiro:Lumen, 2018, p.40, 43
[2]CRUZ, Murillo. A norma
do novo, Rio de Janeiro:Lumen, 2018, p.48
[3]VALLE, Lilian. Os enigmas da educação, Belo Horizonte: Autêntica, 2002, p. 92
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