domingo, 15 de novembro de 2020

Maquiagem no Egito Antigo

 

As mais antigas paletas de maquiagem no Egito datam de 5000 a 4000 a.c. encontradas em tumbas funerárias e eram utilizadas para mistura de pigmentos minerais da malaquita e galena para pintura dos olhos [1], para proteção contra o sol e também se acreditava que tinha o poder de preservar a visão. Guilherme Oncken mostra que na mitologia egípcia o especial cuidado com a decoração dos olhos tem conexão com a história de Osíris e Hórus: “no dia do terror , isto é, durante um eclipse, Set penetrou no domínio da luz, sob a forma de um javali e arrancou a Horus um pedaço dos olhos, este defendeu-se e mutilou Set e Thoth, o deus da lua aparece  - vimos já que este exerce sua atividade  durante a ausência do sol – e remedeia o mal enchendo o olho de Horus, que fica tão brilhante como anteriormente”.[2]  A galena (sulfeto de chumbo) usada na produção de chumbo, e o carvão raspado de chaminés era usado para a pintura preta mesdemet para as egípcias pintarem a parte de cima dos olhos [3]. A galena é um desinfetante e tinha propriedade de espantar as moscas e proteger os olhos do ofuscamento [4]. A parte de baixo dos olhos era pintada de verde com malaquita [5]. Um pigmento básico usado na pintura como sombra para os olhos era o udju preparado com malaquita verde do Sinai.[6] De Creta tinha origem o arbusto de Chipre de cuja casca se fazia a hena obtida das raízes e folhas da Lawsonia inermis usada para pintar de vermelho as unhas das egípcias [7]. Édouard Naville cita como prova as unhas vermelhas das múmias da XI dinastia de Tebas.[8] Sementes de Balanites aegyptiaca, tâmaras do deserto, eram usadas para extração de um apreciado óleo aromático usado em perfumaria.[9] No papiro de Ebers descoberto em 1875 são citados diversos tipos de desodorantes. Da primeira Dinastia (2850 a.c.) foi encontrado uma paleta de cosméticos de ardósia, guardadas no Museu Ashomlean em Oxford.[10] As egípcias usavam tintas coloridas no rosto, carmin para os lábios, amarelo para as faces, verde pálido para debaixo dos olhos.[11] Os egípcios pintavam as pálpebras com malaquita. A cor verde neutralizava os raios do sol e o carbonato de cobre agia como desinfetante de doenças dos olhos, efeitos mágicos atribuídos às pedras. Uma caixa de cosméticos egípcios da rainha Ani da XVIII Dinastia (1550-1298 a.c.) em Tebas reúne diversas pinturas e elementos de maquiagem (na foto).



[1] TIRADRITTI, Francesco. Tesouros do Egito do Museu egípcio do Cairo, White Star Pub, 1998, p.36

[2] ONCKEN, Guilherme. História Universal. História do Antigo Egito, v.I, Rio de Janeiro:Bertrand, p.66

[3] THORWALD, Jurgen. O segredo dos médicos antigos. São Paulo: Melhoramentos, 1990, p.65; STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 87

[4] STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 88

[5] FORBES, R. Chemical, culinary and cosmetic arts. In: SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, Oxford Clarendon Press, v.I, 1958, p. 293

[6] STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 87

[7] THORWALD, Jurgen. O segredo dos médicos antigos. São Paulo: Melhoramentos, 1990, p.73

[8] STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 88

[9] STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 86

[10] NEUBERT, Otto. O vale dos Reis, Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.56

[11] NEUBERT, Otto. O vale dos reis, Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.63, 118



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