sexta-feira, 6 de novembro de 2020

O impacto da condenação de Galileu

 

Em 1633 Descartes escrevera a Mersenne dizendo que desistia de publicar seu tratado sobre o mundo Le Monde ou Traité de la lumière, diante da condenação de Galileu no mesmo ano. O livro seria publicado apenas em 1664, catorze anos após sua morte em Estocolmo. Em 1663 os livros de Descartes serão colocados no Index.[1] John Milton no seu livro Areopagitica após visitar Galileu se queixa que “os italianos cultos lamentavam o estado de escravião em que a ciência fora reduzida na sua pátria; era a razão pela qual o espírito italiano, tão vivo, apagara-se e pela qual há muitos anos tudo aquilo que se escrevia não era mais do que adulação e banalidades’. [2]  A notícia da condenação de Galileu, que foi interrogado sob ameaça de tortura e teve seu livro Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo incluído no Index de livros proibidos (do qual somente foi retirado da lista em 1835) bem como foi condenado a prisão domiciliar, recebeu ampla publicidade resultante das ordens expressas do papa Urbano que queria que a condenação de Galileu servisse de exemplo fortalecendo a imagem do papa como intransigente defensor da fé.[3]

[1]ROSSI, Paolo. O Nascimento da ciência moderna na Europa, Bauru:Edusc, 2001, p. 195

[2]ROSSI, Paolo. O Nascimento da ciência moderna na Europa, Bauru:Edusc, 2001, p. 184

[3]FINOCCHIARO, Maurice. Mito 8: que Galileu foi preso torturado por defender o copernicanismo. In: NUMBERS, Ronald. Terra plana, Galileu na prisão e outros mitos sobre a ciência e religião, Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020, p. 106




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