sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Ciência e religião

Para René Taton a compilação do conhecimento químico e de alquimia por escritores como Vicente de Beauvais, Alberto Magno, Arnaldo de Villeneuve e Rogério Bacon e a expansão da indústria têxtil e das forcas comerciais contribuíram para o desenvolvimento de novas técnicas.[1] Rodney Stark observa que a alquimia  e astrologia presentes na China e no Islã somente conseguiram evoluir para as modernas química e astronomia no continente europeu por conta do cristianismo e sua capacidade de compreender a natureza de modo sistemático diante sua ênfase na racionalidade, crença de uma natureza movida por leis e confiança no progresso da humanidade [2]. Para Friedrich Klemm a integração da doutrina aristotélica ao cristianismo empreendida por Tomás de Aquino, o Doctor Angelicus e Alberto Magno o Doctor Universalis reuniu num único arcabouço intelectual o conhecimento natural e o domínio do sagrado mostrando que não há contradições entre a verdade revelada e a verdade científica, o que se constituiria as sementes para o surgimento da revolução científica dos séculos XVI e XVII.[3] Para Garcia Morente: “no sistema de Santo Tomás fraternizam de maneira quase miraculosa a profundidade com a singeleza; e o acordo das verdades racionais com as verdades da fé se produz de modo tão natural e evidente que se diria o encaixe e união das duas metades do mesmo todo”.[4] Gregório de Nissa no século IV já destaca que a natureza humana material e divina espiritual de Jesus mostra que a natureza do mundo material deve ser compreendida e exaltada pelo homem. João Crisóstomo no século IV em Homilia ao Genesis L,2  declara “feliz aquele que obtém seu pão pelo trabalho de suas mãos”.[5] O apóstolo Paulo condena condena a preguiça e a ausência de trabalho (1Tessalonicenses 4,11; Efésios 4,28; 1Timóteo 5,13) e o exorta os cristãos em 2 Tessalonecenses 3,10: “Quem não quer trabalhar, não coma”.



[1]TATON, René. A ciência moderna: o Renascimento, tomo II, v.I, São Paulo:Difusão, 1960, p. 135

[2]EFRON, Noah. Mito 9: que o cristianismo deu à luz a ciência moderna. In: NUMBERS, Ronald. Terra plana, Galileu na prisão e outros mitos sobre a ciência e religião, Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020, p. 126

[3]KLEMM, Friedrich, A history of western technology, London:Ruskin House, 1959, p. 56

[4]MORENTE, Manuel Garcia. Fundamentos de filosofia: lições preliminares. São Paulo:Mestre Jou, 1970, p.129

[5]KLEMM, Friedrich, A history of western technology, London:Ruskin House, 1959, p. 64



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