quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Natrão no Egito

 

No Egito a alquimia desenvolveu técnicas para esmaltar e colorir vidros, fabricar perfumes, extrair óleos de plantas e tingir. Alguns papiros de Tebas do século III d.C. mostram experimentais alquímicos de transmutação de metais com informações práticas sobre como fazer diversas ligas metálicas. Os egípcios desenvolveram técnicas de embalsamamento muito embora o mérito de tais técnicas residia no clima seco das terras do Nilo e ausência de germes no ar e na areia.[1] As únicas fontes históricas de tais técnicas são Heródoto (484-425 a.c.) [2] e Diodoro quando a arte já estava em decadência.[3] Georde Rawlinson estima em cerca de 150 mil embalsamentos por ano, realizados tanto para classe pobre como para a opulenta, o que permite concluir que essa atividade gerava uma riqueza significativa. A prática se estendeu de 2000 a.c. a aproximadamente 700 d.c [4]. As etapas finais de mumificação aparecem representadas na tumba de Thoy de 1200 a.c. [5] Para secar todos os fluidos do corpo inicialmente os embalsamadores usavam areia, posteriormente natrão (uma mistura de carbonato de sódio e bicarbonato de sódio) um tipo de sal encontrado nas margens de lagos próximos ao Cairo, em particular em Wadi el Natrum [6] (foto) e com melhores resultados [7]. Strabo se refere a três centros de produção de natrão , o mais importante era um oásis chamado Wadi Natrun abastecido com as águas do Nilo. O segundo centro ficava próximo ao porto de Naucratis no delta do Nilo. O terceiro em El Kab no Alto Egito. O natrão extraído destas três localidades era um importante monopólio estatal nos tempos de Ptolomeu (320 a.c.). Além da mumificação o natrão era usado como incenso em ritos religiosos e na fabricação de vidro.[8]

[1]CERAM, Walter. Deuses, túmulos e sábios, Rio de Janeiro:Bib. Exército, 1971, p.155; COON, Carleton. A história do homem. Belo Horizonte:Itatiaia, 1960, p.205; MATTOS, Aníbal.O homem das cavernas de Minas Gerais, Belo Horizonte:Minas Gerais, 1961, p.29; CHILDE, Gordon. A evolução cultural do homem, Rio de Janeiro:Zahar, 1966, p.163

[2]Vatican Museums, Rome:Libreria Editrice Vaticana, 2011, p.107

[3]STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 259

[4]RAWLINSON, George. A history of ancient Egypt, London, 1881, p. 511

[5]FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 266

[6]MOKHTAR, Gamal. História geral da África, II: África antiga, Brasília : UNESCO, 2010, p.135

[7]DEARY, Terry. Espantosos egípcios, São Paulo:Melhoramentos, 2004, p. 49

[8]FORBES, R. Chemical,, culinary and cosmetic arts. In: SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, Oxford Clarendon Press, v.I, 1958, p. 260



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