Elias Barreto indica Erwin von Steinback, arquiteto da
catedral de Estrasburgo, como fundador em 1275 da primeira confraria de
pedreiros leigos, separando-os das confrarias religiosas, o que levaria a
denominação de pedreiros livres.[1] Um dos
membros dessas associações chamada “Dever de Liberdade” afirma seu compromisso:
“Juro e prometo guardar fielmente e para sempre os segredos dos companheiros
de Liberdade, deste Dever e de sua companhia; prometo nunca escrever nada, nem
uma palavra, sobre qualquer coisa que possa revelá-los aos profanos. Preferiria
e mereceria ser degolado, meu corpo queimado, minhas cinzas atiradas aos
ventos, se fosse tão covarde em revela-los; prometo quebrar a cara de quem
perjure; que o mesmo aconteça seu o fizer”.[2] Jacques
le Goff, contudo aponta que a reivindicação da existência de tais segredos da
construção de catedrais é tardia e aparece apenas no século XVIII entre os
francomaçons.[3] Frances Yates argumenta que a maçonaria enquanto instituição apareceu na
Inglaterra em meados do século XVII.[4] Serge
Hutin observa que originalmente o termo franc
maçon se referia ao trabalho em pedra livre free stone mason em oposição
aos que trabalhavam com pedras duras, sendo todos cristãos e filhos devotados
da Igreja. Jean Gimpel observa que o termo franc
maçon era desconhecido na idade medieval sendo uma criação do século XVIII.
Segundo René Guénon os documentos que provam a origem católica da corporação de
pedreiros foi destruída pelos pastores James Anderson e Jean Theophile Désagulliers
que redigiram as Constituições da Grande Loja da Inglaterra em 1723.[5] Os
maçons operativos eram predominantemente católicos na Inglaterra até a reforma
protestante no século XVI de modo que as Constituições de Anderson de 1723 e
1738 omitiram sua origem católica para escapar a perseguição dos protestantes [6]. Desagulliers
era aristocrata grão mestre da maçonaria e membro da Royal Society sendo
divulgador da mecânica newtoniana tendo convencido muitos membros da Academia a
ingressar na Royal Society. [7] Desaguliers
teve um papel importante na criação em 1731 na Loja de Haia, a primeira loja
maçônica for da Grã Bretanha. Em 1707 um manual de maçonaria indicava o
compromisso dos membros: “Eu faço voto e
prometo não divulgar nem participar a ninguém a saudação dos pedreiros, assim
como o seu toque (aperto de mão)”. Os sinais de reconhecimento haviam sido
introduzidos para evitar a entrada na corporação de oficio de pessoas não
agremiadas [8]. Para Leon
Shelby as corporações de pedreiros medievais
mantinham segredo de suas técnicas usadas em obras em arquitetura, como
por exemplo a composição exata usada nas argamassas, o modo de reconhecer
pedreiras ou tipo de pedras apropriadas para construções. O maçom Leadbeater
argumenta que desta forma conseguiam manter seus conhecimentos espirituais em
segredo associando-os com técnicas de construção de modo a fugir a perseguição
da igreja católica [9].
Robert Fossier argumenta contudo que o fato de não conhecermos a composição de
tais argamassas não pode ser usado como prova de que fossem mantidas em segredo [10]. Não se
tratava de manter a identidade de tais pedreiros oculta como na moderna
sociedade secreta da maçonaria do século XVIII: “os construtores das catedrais da França ou da Inglaterra jamais
precisariam de apertos de mão ou de sinais secretos para se reconhecerem”. [11] Robert Fossier observa que as marcas
encontradas nas pedras são um tipo de assinatura “mas cuja eventual dimensão jurídica não sabemos bem”.[12]
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