domingo, 8 de novembro de 2020

A idade da Terra

 

As primeiras cronologias da idade da terra baseadas nos textos bíblicos se devem a Teófilo de Antioquia (115-183), Júlio Africano (200-.250) e a Eusébio da Cesarea (260-340) em torno de cinco mil anos. Com a reforma protestante Martinho Lutero (1483-1546) e o bispo James Ussher (1581-1656) estabelecem as datas da criação respectivamente de 4000 a.C. e 4004. a.C.. Em 1644, John Lightfoot, vice-chanceler da Universidade de Cambridge, calculou 3929 a. C. Buffon (1707-1788) em seu primeiro volume de Histoire naturelle (1749) e em Époques de la nature (1779) questionou a idade bíblica da Terra de cerca de seis mil anos (baseadas nas genealogias descritas no Genesis), partindo do princípio de que um cometa ao colidir com o Sol poderia ter dado origem à Terra após o arrefecimento do resultado de tal colisão em cerca de 70 mil anos. [1] Submetido à censura por uma Comissão da Faculdade de Teologia da Universidade de Paris Buffon teve de reescrever sua obra: “Retiro o que quer que seja que no meu livro a respeito da formação da Terra e em geral a tudo quanto possa ser contrário à narração de Moisés tendo apresentado as minhas hipóteses sobre a formação dos planetas apenas como uma pura especulação filosófica”. A existência de homens e espécies extintas convivendo juntos era considerado uma heresia diante das revelações bíblicas, pois significaria que tal fauna foi criada por Deus antes do homem, ou seja, não poderia ter havido um único momento de criação como descrito no Genesis. O escocês James Hutton em 1788 em The Theory of Earth estimou um tempo tão grande para idade da terra que era melhor qualificá-la como indefinida.



[1] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.411, 412



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