A evolução técnica e econômica que se inicia em torno
do século XI e que se afirma no século XII, com o desenvolvimento do comércio e
das cidades seguido da especialização dos ofícios conduz ao que Jacques Le Goff
denomina uma “transformação mental e
espiritual”.[1] Neste momento contrastando com as teses de Max Weber que na Ética protestante
entende que esta revalorização do trabalho como meio de salvação se fará
somente com o protestantismo, Jacques Le Goff entende que já neste século XI “a concepção do trabalho penitência é
substituída pela ideia do trabalho enquanto meio positivo para salvação”. [2] Significativo é que em 1199 Omobono um Santo que conhecemos pelo apelido homo bonus, mercador de Cremona, é
canonizado, patrono dos alfaiates, costureiras, e dos comerciantes de tecidos [3]. Canonizado
com a Bula "Quia pietas" Omobono é o primeiro leigo, não um
nobre, elevado às honras dos altares. Sua estátua foi erigida perto da estátua
da Virgem Maria, na entrada principal da catedral da cidade. Ao longo do século
XIII temos diversos exemplos representações da honra dos ofícios exercidos nas
cidades como no portal da igreja de S. Marcos, na base do campanário
florentino, no palácio comunal de Siena.[4] No
século XIII na classificação dos pecados a preguiça é considerada “a mãe de todos os vícios, por uma sociedade
que resolutamente valoriza atividade e o trabalho”. [5]
[1]LE GOFF, Jacques. Para
uma outra idade média, Petrópolis: Vozes, 2013, p.217
[2]LE GOFF, Jacques. Para
uma outra idade média, Petrópolis: Vozes, 2013, p.218
[3]FOSSIER, Robert. As
pessoas da idade média, Rio de Janeiro: Vozes, 2018, p. 294
[4]ROSSIAUD, Jacques. O
citadino e a vida na cidade. In: LE GOFF, Jacques. O homem medieval, Lisboa:
Editorial Presença, 1989, p.117
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