Os melhores tratados alquímicos do Renascimento foram traduções de textos árabes como a Summa Perfectionis Magisterii [1] (O Tratado do magistério da perfeição) que supostamente teria sido escrita por Geber (721-815) contemporâneo dos primeiros abássidas.[2] A Summa apesar de constituir uma versão mutilada de Geber se tornou uma referência em alquimia na idade média possivelmente foi escrita pelo monge Paulo de Taranto no século XIII. A Summa de Geber usa a técnica de ocultação literária conhecida de ocultistas da Renascença como Agrippa em De occulta philosophia (1533) e conhecida como "dispersão do conhecimento".[3] Essa técnica, amplamente empregada no corpus jabiriano, refere-se à prática de desmembrar um discurso e separar as respectivas partes para que não possam ser lidas sequencialmente. O termo gibberish que se refere um texto initeligível foi cunhado no século XVI e remete pejorativamente aos textos do alquimista Geber [4]. O autor da Summa assume que todos os metais são compostos de uma mistura de corpúsculos de enxofre e mercúrio e fornece uma descrição detalhada das propriedades metálicas. O texto pratica uma forma de numerologia referido como o “método do equilíbrio” (mīzān) que consistia em determinar a quantidade das “quatro naturezas” (quente, fria, úmida e seca) em uma substância por meio da análise de cada letra do alfabeto árabe de seu nome. Cada letra era associada a um valor numérico. Os textos jabirianos também argumentam que todas as coisas contêm uma realidade “oculta” (bāṭin), bem como a “manifesta” (zāhir). Esse livro foi elogiado por Petrus Bonus, autor de Margarita Preciosa escrito em 1330, devido a sua clareza se comparado a outros alquimistas, onde por exemplo encontramos uma receita para se fazer ácido sulfúrico [5]. O autor da Summa destaca que a alquimia apareceu no Ocidente na metade do século XII quando Robert de Ketton traduziu para o latim De Compositione alchemiae de Morenius a partir do original em árabe. Geber é o nome latinizado de Jabir ibn Hayyan. A primeira biografia de Jābir, no al-Fihrist, foi escrita no século décimo por Ibn al-Nadīm. Os Setenta Livros de Jabir foram traduzidos para o latim por Gerard de Cremona no século XII. Ao descrever um de seus fornos Geber conclui: “se alguém puder inventar algo mais engenhoso, não permita que nossa invenção possa retardar tais desenvolvimentos”.[6]
[1]https://books.google.com.br/books?id=tZ-WXuo84ioC&printsec=frontcover
[2]SEDGWICK, W.; TYLER, H;
BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do
século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.189
[3]https://www.britannica.com/biography/Abu-Musa-Jabir-ibn-Hayyan
[4]DE ROLA, Stanislas.
Alquimia. Lisboa:Ed. Del Prado, 1996, p. 15
[5]GOLDFARB, Da alquimia à
química, Sâo Paulo:Edusp, 1987, p.143
Nenhum comentário:
Postar um comentário