Em Reims, Arras e Lille a maior parte das residências
domésticas eram usadas pelos homens de ofícios como local de venda e produção
dos produtos que fabricavam.[1] Ashley
destaca que assim como o surgimento da indústria artesanal é associada com a
subordinação da vila com a unidade econômica mais ampla representada pela
cidade, do mesmo modo o surgimento do sistema doméstico foi parte de um
desenvolvimento posterior subordinado a uma unidade econômica ainda maior
representada pela nação [2]. Thomas
Ashton destaca que “mesmo nas regiões á
volta de Londres, Manchester e Birmingham havia homens e mulheres trabalhando
laboriosamente sem o auxílio que a ciência e a técnica haviam dado aos seus
camaradas da fábrica, da fundição e da mina”.[3] Arnold
Toynbee destaca o papel da indústria doméstica inglesa antes da Revolução
Industrial: “A classe dos empresários
capitalistas estava ainda na infância. Uma grande parte de nossas mercadorias
era ainda produzida pelo sistema doméstico. As manufaturas estavam pouco
concentradas nas cidades e apenas parcialmente separadas da agricultura. O
manufatureiro era literalmente o homem que trabalhava com as suas próprias mãos
na sua própria casa. Uma característica importante na organização industrial da
época estava na existência de um número de pequenos mestres manufatureiros que
eram inteiramente independentes, possuindo capital e terra, pois combinavam a
cultura de pequenas terras pastoris alodiais com o seu artesanato”.[4] Jacques
Rossiaud contudo observa que “O local de trabalho e a vida familiar não são
inseparáveis, como uma certa imagem tradicional poderia fazer crer. Em
Florença, a maioria dos artesãos alugou a sua oficina e vive noutra rua e, até,
noutro bairro.[...] sabe-se que os proletários «de unhas azuis» dos centros
flamengos produtores de tecidos eram, por vezes, obrigados a viver nos
subúrbios porque os donos da cidade não os queriam ver dentro das muralhas
depois de terem terminado o seu dia de trabalho [5]
[1]CONTAMINE, Philippe. Os
arranjos do espaço privado século XIV-XV. In: In: ARIÉS, Philippe; DUBY,
Georges. História da vida privada: da Europa Feudal à Renascença, v.2, São
Paulo:Cia das Letras, 1990, p.458
[2]UNWIN, George. Industrial Organization in the Sixteenth and Seventeenth
Centuries, Claredon Press:Oxford, 1904, p.4
[3]ASHTON, Thomas. A
revolução industrial, Sintra:Pub. Europa-América, 1977, p.118
[4]TAKAHASHI, H. Uma
contribuição para a discussão. In: DOBB, Maurice. Do feudalismo ao capitalismo,
Lisboa:Publicações Dom Quixote, 1972, p.188
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