No século XII surgem os sinos laicos para proclamação do tempo do
trabalho, que se juntam aos sinos dos conventos das igrejas que marcavam as
horas canônicas dos ofícios religiosos.[1] Segundo
Paulo Miceli o controle do tempo foi uma das principais atribuições da Igreja
medieval.[2] Com os
primeiros relógios mecânicos o tempo deixa de ser marcado somente pelos sinos
das igrejas e passa a ser marcado pelos relógios das torres de vigia [3]. Há uma
secularização do tempo uma vez inserido no ambiente das atividades econômico e
sociais que estavam florescendo no século XIII [4]. Robert
Delort que a cidade industrial e o mercado ao fim da idade média marca a
“grande mutação intelectual” o advento do “tempo leigo” “tempo urbano” [5] o “tempo
do mercador”.[6] O relógio colocado na torre comunal em Caen em 1317 mostra o triunfo do “tempo
dos mercadores” sobre o “tempo da Igreja” [7] Até a
primeira metade do século XVI o “tempo vivido” relativo ao senso comum tornava
desnecessária a marcação de tempo mais precisa [8] sendo
demarcada por sinos dispostos nas igrejas ou mesmo pelas autoridades urbanas
para anunciar e impor a sua definição de jornada de trabalho [9].
[1]GOFF, Jacques. Trabalho. In: LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean Claude. Dicionário analítico do
Ocidente medieval. v.II, São Paulo:Unesp, 2017, p. 629
[2]MICELI, Paulo. O
feudalismo, São Paulo: Atual, 1986, p. 22
[3]LE GOFF, Jacques. A
civilização do Ocidente Medieval. Rio de Janeiro:Vozes, 2016, p. 169
[4]NISBET, Robert. História
da ideia do progresso. Brasília:UNB, 1980, p. 100; MORTIMER, Ian. Séculos de
transformações. Rio de Janeiro:DIFEL, 2018, p. 151
[5]DELORT, Robert. La vie au moyen age, Lausanne:Edita, 1982, p.64
[6]LE GOFF, Jacques. O homem medieval, Lisboa: Editorial Presença, 1989, p.94
[7]FOSSIER, Robert. As
pessoas da idade média, Rio de Janeiro: Vozes, 2018, p. 56
[8]ROSSI, Paolo. Os
filósofos e as máquinas. São Paulo:Cia das Letras, 1989, p. 43
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