A
tecnologia dos engenhos de açúcar foi trazida pelos portugueses da Ilha da
Madeira segundo "As Ilhas de Zargo" do padre madeirense Eduardo Pereira. João da Palma, mercador Genovês residente em
Lisboa, obteve em 1404, concessão de D. João I para plantar cana-de-açúcar no
Morgado de Quarteira no Algarve. Em 1409, juntamente com seu filho Francisco da
Palma e com Nicolau da Palma, beneficiou do “aforamento da horta junto ao
muro de Loulé para plantação de cana-de-açúcar”, no entanto a dificuldade
emem se conseguir água em abundância impediu que a cultura se generalizasse.[1] O primeiro engenho de açúcar português foi construído por Diogo Vaz de Teive,
escudeiro do Infante D. Henrique, na ilha da Madeira em 1452. D. Henrique
concedeu ao flamengo Jacome de Bruges em 1450 uma donataria na ilha de Açores
em que iniciou a produção de açúcar.[2] Em 1472 a cultura do açúcar na Ilha da Madeira estava próspera embora
monopolizada por genoveses e judeus. Os portugueses se queixaram do monopólio
aos quais estavam excluídos ao rei português Afonso V. A notícia da Crónica de
Nuremberg, de Hartman Schedel (1495), informa que a ilha da Madeira "produz
vários frutos, principalmente a cana sacarina, que traz à ilha consideráveis
lucros, inundando a Europa de óptimo açúcar, que é conhecido por açúcar da
Madeira". Em 1498 o rei D. Manuel impôs uma restrição para as
exportações vindas da Ilha da Madeira para atender as reclamações dos
portugueses.[3] Portugal
procurou atrair tanto judeus quanto flamengos para o arquipélago, mediante a
distribuição de terras. Varnhagen confirma que vieram da Ilha da Madeira os
operários especializados na indústria mecânica agrícola do açúcar.[4] Segundo Stuart Schwarz entre os colonos trazidos por Martim Afonso de Souza em
1530 ao Brasil havia um perito na manufatura do açúcar Pedro Lopes Silveira e
vários portugueses e italianos e flamengos com experiência na produção de
açúcar na ilha da madeira, entre os quais João Veniste e o genovês João Adorno.[5] Segundo Marcos Costa a transferência desta tecnologia de produção de açúcar
para o nordeste brasileiro constitui um exemplo bem sucedido de transferência
tecnológica do que havia de mais moderno na época em termos de produção
mecanizada. Segundo Joaquim Romero Guimarães: “A Madeira destacou-se como o
centro de lançamento da nova cultura atlântica, como a terra de referência de
onde saem os mestres e trabalhadores experimentados da cana e do açúcar. De lá
terão ido os que ensinaram a faina nas outras ilhas, inclusive nas Canárias, e
no Brasil. Duarte Coelho, o colonizador de Pernambuco, não dispensará a
presença de madeirenses entre os trabalhadores que lhe asseguravam a produção” [6]
[1]https://www.catedra-alberto-benveniste.org/dic-italianos.asp?id=114
[2]COSTA, Marcos. O livro
obscuro do descobrimento do Brasi, Rio de Janeiro:Leya, 2019, p. 42
[3]BRITO, José Gabriel Lemos. Pontos de partida para a história econômica do
Brasil. Brasiliana v. 155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.10
[4]VARNHAGEN, Francisco
Adolfo. História geral do Brasil, São Paulo:Melhoramentos, 1948, v. I, p. 195
[5]SCHWARTZ, Stuart.
Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia
das Letras, 1988, p. 31
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