sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Fídias

 

Daniel Boorstin reconhece que Fídias foi indicado por Péricles para coordenar a construção do Partenon mas somente podemos ter certeza da sua contribuição artística na estátua de Atena em ouro posta em seu interior [1]. Moses Finlay informa que não há comprovação de que as esculturas no Partenón foram feitas por Fídias [2]. Segundo Marcel Dunan e Jardé o projeto do Partenon foi realizado aos arquitetos Ictinus e a execução a Calicrates [3], cabendo a Fídias as esculturas incluídas no templo entre as quais se destacava a estátua de Atena com 12 metros de altura feita de madeira e recoberta de ouro e marfim.[4] Fídias foi acusado de ter roubado parte do ouro a ele entregue para construção da estátua o o que levou a ter de retirar todas as placas de ouro de modo a pesá-las e mostrar que nada havia sido roubado.[5] Em Olímpia no templo de Zeus, Fídias esculpiu a colossal estátua de Zeus, [6] revestido com placas de marfim e coberta com um manto de ouro. Aos pés da estátua uma inscrição, segundo Pausânias, revelava ter sido Fídias seu escultor.[7] Fílon / Filo de Bizâncio em sua descrição das sete maravilhas do mundo em De Septem Orbis Miraculis: “a habilidade de execução é tão incrível quanto é sagrada a imagem de Zeus. O trabalho provoca elogios e a imortalidade provoca a honra”.[8] A oficina de Fídias foi encontrada no final do século XIX e resgatados inúmeros instrumentos o que constitui uma evidência de a divisão moderna de técnicas não necessariamente existia na antiguidade.[9] Para Moses Finley “Fídias exemplificou de forma perfeita a ligação entre a arquitetura e a religião”.[10] Plutarco, na Vita de Péricles, exalta a técnica de Fídias ou Policleto: “até hoje, perante o Zeus olímpico ou a Hera de Argos, nunca brotou em nenhum jovem hábil e bem dotado o desejo vir a ser um Fídias ou um Policleto”.[11]



[1] BOORSTIN, Daniel. Os criadores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1995, p.134

[2]FINLEY, Moses. Los griegos de la antiguedad. Barcelona: Editorial Labor, 1966, p. 169

[3] JARDÉ, A. A Grécia antiga e a vida grega, São Paulo:Epusp, 1977, p.13

[4]JARDÉ, A. A Grécia antiga e a vida grega, São Paulo:Epusp, 1977, p.111; BOWRA, Maurice. Grécia Clássica, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1969, p. 107

[5]BOWRA, Maurice. Grécia Clássica, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1969, p. 122

[6]DUNAN, Marcel; BOWLE, John. Larousse encyclopedia of ancient & medieval history, Paris:Larousse, 1963, p.123

[7]ROMER, Elizabeth. As sete maravilhas do mundo, São Paulo:Melhoramentos, 1996, p.26

[8]ROMER, Elizabeth. As sete maravilhas do mundo, São Paulo:Melhoramentos, 1996, p.29

[9]ROMER, Elizabeth. As sete maravilhas do mundo, São Paulo:Melhoramentos, 1996, p.50

[10]FINLEY, Moses. Os gregos antigos, Lisboa: Edições 70, 1984, p.137. In: VAINFAS, Ronaldo; FARIA, Sheila; FERREIRA, Jorge; SANTOS, Georgina. História Volume único, São Paulo:Saraiva, 2010, p.49

[11]CASTELNUOVO, Enrico. O artista. LE GOFF, Jacques. O homem medieval, Lisboa: Editorial Presença, 1989, p.145



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