Adelardo de Bath (1080-1152) aponta: “Quando examino os escritos famosos dos antigos – nem todos, mas a maioria – e comparo seus talentos com o conhecimento dos modernos, julgo os antigos eloquentes e chamo aos modernos estúpidos”.[1] E ainda: “se a vontade do Criador é a de que as ervas nasçam da terra, tal vontade não é despida de razão [...] Uma coisa é o que eu aprendi dos mestres árabes sob o comando da razão, outra aquilo o que, de tua parte, seduzido pela máscara da autoridade, estás preso como que por um cabresto. Com efeito, que outro nome, se não o de cabresto, deve ser dado à autoridade ? Permites que a autoridade te conduza como os animais domesticados que não sabem nem para onde nem por que são levados” [2]. Para Adelardo há uma relação direta entre os fenômenos da natureza e a vontade de Deus e que deve ser motivo de investigação: “Examine as coisas mais de perto, considere, além disso, as circunstâncias especiais, destaque as coisas em vez de admirar os efeitos”.[3] Adelardo de Bath condenava “o vício desta geração que só considera aceitáveis as descobertas feitas pelos antigos e pelos outros” Para ele, seguir a autoridade dos antigos em vez da razão é “entregar-se à mais bestial credulidade e deixar-se arrastar para uma armadilha perigosa”. O dominicano Alberto Magno “quem acredita que Aristóteles é um deus, tem de acreditar que nunca errou. Mas, se acredita que foi um homem, então pode errar como nós”.[4]
[1]LYONS, Jonathan. A casa
da sabedoria, Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p.48
[2] TATON, René. A ciência
antiga e medieval: a idade média, tomo I, livro 3, Sâo Paulo:Difusão Europeia,
1959, p. 111
[3] GREGORY, Tullio. Natureza. In: LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean Claude. Dicionário analítico do
Ocidente medieval. v.II, São Paulo:Unesp, 2017, p. 301
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