sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Calendário maia

 

Entre os maias o templo de Kukulcán em Chichén Itzá (“nas cisternas do Itzá”)[1] possui uma altura de 30 metros. O templo é composto por diversas plataformas quadradas, empilhadas uma a uma. Cada lado de pirâmide possui uma escadaria com 91 degraus que leva até o templo localizado em seu topo.[2] Como temos quatro escadarias isso totaliza 91 x 4 = 364 degraus. Logo na entrada no templo temos um único degrau, contabilizando no total 365 degraus, representando assim os 365 dias do calendário maia. Na lateral de suas escadarias, a construção possui diversos detalhes triangulares que refletidos pela luz do sol em momentos específicos do ano aclaram o desenho de uma serpente.[3] O Código Dresden que data do século XII possui inúmeras referências ao calendário e astronomia maias entre os quais tabelas de eclipses.[4] Apesar de sua finalidade ser astrológica o Códice de Dresden baseia-se na fórmula de 405 lunações correspondem a 11958 dias, um erro de apenas 7 minutos. O códice de Paris (guardado em na Biblioteca Nacional de Paris e que foi encontrado na região de Chiapas) do século XIV representa o zodíaco maia por meio de diversos animais.[5] O calendário solar maia era formado por 18 meses de 20 dias e 5 dias “nefastos” do Wayeb totalizando o ano solar haab. O calendário cíclico maia de 52 anos consistia em três ciclos, sendo os dois menores de 260 dias (cada dia era representado por um número de 1-13 e um dentre 20 símbolos, totalizando um ciclo de 13x20 dias) denominados Tzolkin[6], Almanaque sagrado[7], ou “Círculo sagrado”.[8] O tzolkin de 260 dias era combinado o calendário de 365 dias para formar o ciclo de 52 anos, pois calculando-se o mmc de 365 e 260 temos um total de 18980 dias, o que equivale a exatos 52 anos de 365 dias. Ou seja, sincronizados os dois calendários de 260 dias e 365 dias, eles voltaram a apontar para o mesmo dia após 52 anos. No Códex de Dresden é registrado o ciclo de 584 dias do planeta Vênus conhecido pelos maias [9] e pelos incas como Chaska [10], quando o valor astronômico exato é de 583,92 dias [11]. Dada a proximidade do sol e da lua nos céus eles são tomados como irmão, no entanto como Vênus precede o Sol no nascente seguindo-o no poente tornou-se para os maias e astecas símbolo da morte como renascimento.[12] Para os astrônomos maias de Copán 149 meses lunares equivalem a 4400 dias, o que significa 29,53020 dias por mês. No Códice de Paris mostra figuras de um zodíaco [13]. Para os astrônomos maias de Palenque 81 meses lunares correspondem a 2392 dias, o que significa 29,53086 dias por mês. Estes valores se aproximam do valor astronômico atual de 29,53059 dias.[14] Os maias calcularam que 405 luas cheias correspondem a um período de 11960 dias [15] quando o valor astronômico correto é de 11959,888 dias um erro de menos de 5 minutos por ano.[16] Para as medições do dia solar os mais usavam o gnomon uma espécie de mostrador solar rudimentar.[17]

[1]SANTOS, Yolanda Lhuillier dos. Convite à Ciência. São Paulo:Logos, 1965, p.103

[2]LEONARD, Joathan. América pré colombiana, Rio de Janeiro:José Olympio Editora. Biblioteca de História Universal Life, 1971, p.54

[3]https://pt.wikipedia.org/wiki/Chich%C3%A9n_Itz%C3%A1

[4]TATON, René. A ciência antiga e medieval: a Idade Média. São Paulo:Difusão, 1959, p. 15; COE, Michael. Antigas Américas, mosaico de culturas, v. I Madrid:Ed. Del Prado, 1997, p. 120

[5]FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 235

[6]MEGGERS, Betty. América pré histórica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 84

[7]PHILLIPS, Ellen, Viagens de descobrimento 1400-1500, Rio de Janeiro:Time Life, 1991, p.157

[8]HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.122

[9]MAHAJAN, Shobhit. História das invenções, Berlim:Verlag, 2008, p. 32; LEONARD, Joathan. América pré colombiana, Rio de Janeiro:José Olympio Editora. Biblioteca de História Universal Life, 1971, p.42; SANTOS, Yolanda Lhuillier dos. Convite à Ciência. São Paulo:Logos, 1965, p.113; LONGHENA, Maria. O México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 112; HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.323

[10]RIBAS, Ka W. A ciência sagrada  dos Incas, São Paulo:Madras, 2008, p. 72

[11]STIERLIN, Henri. O suntuoso reino dos maias. In: Seleções do Reader’s Digest, Os últimos mistérios do mundo, Lisboa, 1979, p.272

[12]VERDET, Jean Pierre. O ceu, mistério, magia e mito, São Paulo:Objetiva, 1987, p.36

[13]LONGHENA, Maria. O México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 112

[14]IFRAH, Georges. Os números: a história de uma grande invenção. Rio de Janeiro: Globo, 1989, p. 249

[15]HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.325

[16]STIERLIN, Henri. O suntuoso reino dos maias. In: Seleções do Reader’s Digest, Os últimos mistérios do mundo, Lisboa, 1979, p.272

[17]IFRAH, Georges. Os números: a história de uma grande invenção. Rio de Janeiro: Globo, 1989, p. 250



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