O desenvolvimento das técnicas acompanha o desenvolvimento da religião.
Em 1911 é encontrado em Laussel [1] datado de cerca de 22 mil atrás
uma estátua de mulher que tem na mão um chifre de bisão em formato de lua
ornado de treze entalhes, o que poderia representar os treze ciclos da lua no
ano, onde o décimo terceiro mês trazia sorte pois anunciava a renovação do ano
seguinte, o que poderia justificar toda a simbologia associada ao número.[2] Enquanto ela segura em uma
mão um corno de bisão em forma de lua crescente, a outra mão aponta para seu
ventre o que sugere uma relação entre os dois eventos. Keith Devlin mostra que
o desenvolvimento do conceito abstrato da matemática somente se tornou possível
com o desenvolvimento das relações interpessoais e sociais cada vez mais
complexas.[3] A capacidade do cérebro
humano lidar com abstrações somente se tornou possível com o desenvolvimento da
linguagem.[4] O senso numérico intuitivo
parece depender da capacidade linguística: “quando
o cérebro humano desenvolveu a capacidade de usar a linguagem, ele
automaticamente adquiriu a capacidade de lidar com a matemática”.[5] Para Joseph Campbell: “para o homem da idade da pedra, as fases da
lua eram as mesmas que nós conhecemos, como o eram também os processos do
ventre. Portanto, pode ser que a observação inicial que deu origem, na mente do
homem, a uma mitologia associada a um mistério que informa a respeito de coisas
terrenas e celestiais fosse o reconhecimento de um acordo entre essas duas
ordens de fatores temporais: a ordem celeste da lua crescente e a ordem terrena
do útero”. Segundo Henri Breuil a relação entre a gravidez, que ocorre em dez
lunações e o ciclo lunar/menstrual, em treze lunações, evidencia um dos
primeiros registros da interação entre os ciclos do Universo e os ciclos
humanos.[6] A identificação de uma lei
comum aos céus e ao mundo terreno é um conceito moderno, o olhar primitivo
identificava, por outro lado, a influência dos astros nos eventos terrenos. [7] A Vênus de Laussel encontra-se
atualmente no Musée d'Aquitaine (Museu da Aquitânia) em Bordéus.
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