Em 1700 o governo inglês interditou
as sedas e os tecidos de algodão orientais e em 1721 ampliou as restrições
proscrevendo mesmo o uso de tecidos imprtados crus ainda que tingidos na
Inglaterra. Pierre Deyon observa que medidas protecionistas contribuíram para
que a indústria inglesa conseguisse vencer a concorrência dos produtos
indianos.[1] A lançadeira volante de John Kay permitiu ganhos de produtividade importantes e
que contribuíram para que o artesão utilizasse apenas uma das mãos enquanto que
no sistema anterior o tecelão passava a lançadeira transversalmente de uma mão
à outra para fazer a trama. A difusão da lançadeira volante fly-shuttle,
contudo, foi lenta somente tornando-se mais comum entre os artesãos da região
de Manchester a partir de 1760[2]. A lançadeira volante permitiu aumentar a velocidade de operação de um modo
notável, além do que as meias mais largas poderiam ser tecidas por um único
tecelão, enquanto que no modelo antigo para tecidos que excedessem 75 cm seria
necessário dois tecelões, um de cada lado do tear.[3] John
Kay solicitou patentes em 1730 para a preparação dos fios a serem usados em
teares e em 1733 para a máquina de abrir e alisar lãs e para a lançadeira
volante.[4] As importações de algodão cru aumentaram de cerca de 1 milhão de libras em 1743
para cerca de 60 milhões em 1802.[5] Entre 1750 e 1770 as exportações dos tecidos de algodão aumentam em dez vezes.[6] Em 1769 com a water frame máquina hidráulica patenteada por Richard Arkwright se
vialibilizou a produção de calicos até então importados da Índia. Com a mula fiadora
de Samuel Crompton de 1779 e a possibilidade de fabricação de musselinas
extremamente finos, supera-se a lendária habilidade dos tecelões indianos[7]. Entre 1780 e 1850 o consumo de algodão pela indústria inglesa aumentou de 2 mil
para 250 mil toneladas[8]. As exportações de produtos têxteis de algodão tornaram-se a principal
mercadoria no comércio internacional britânico do século XIX.[9] O vertiginoso aumento das importações de algodão nas décadas de 1770 e 1780
pela Inglaterra está diretamente á inovações técnicas das fiandeiras spinning jenny de Hargreaves, a spinning mule de Crompton e a máquina
hidráulica de Arkwright.[10] O preço dos fios de algodão n.100 caiu de 38 shillings em 1786 para apenas 6
shillings e 9 pence em 1807, 2 shillings e 2 pence em 1832[11].
A concorrência de novas fibras fez com que a indústria têxtil britânica perdesse
sua competitividade internacional de modo que em 1830 a produção de fios e
produtos de algodão e de lã era de 64% da pauta de exportação e já cai para menos
da metade em 1870. [12]
[1]DEYON, Pierre. O mercantilismo, São Paulo: Perspectiva, 1985, p.32
[2]MANTOUX, Paul. A
revolução industrial no seculo XVIII, São Paulo:Unesp, p.35
[3]USHER, Abbott. Uma
história das invenções mecânicas, Campinas:Papirus, 1993, p. 374
[4]USHER, Abbott. Uma
história das invenções mecânicas, Campinas:Papirus, 1993, p. 3772
[5]HENDERSON, William. A
revolução industrial, São Paulo:Edusp, 1979, p.8
[6]RIOUX, Jean Pierre. A
revolução industrial 1780-1880, São Paulo:Pioneira, 1975, p.38
[7]MANTOUX, Paul. A
revolução industrial no seculo XVIII, São Paulo:Unesp, p.230
[8]SODRÉ, Nelson Werneck.
Formação histórica do Brasil, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira,1979,
p.167; RIOUX, Jean Pierre. A revolução industrial 1780-1880, São
Paulo:Pioneira, 1975, p.150
[9]FREEMAN, Chris; SOETE,
Luc. A economia da inovação industrial, São Paulo:Ed. Unicamp, 2008, p.71, 96
[10]FREEMAN, Chris; SOETE,
Luc. A economia da inovação industrial, São Paulo:Ed. Unicamp, 2008, p.70
[11]HENDERSON, William. A
revolução industrial, São Paulo:Edusp, 1979, p.47
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