Em Delfos em cavernas escavadas nas rochas eram consultadas as sibilas
nos témenos ou recintos sagrados,
antes do templo ser erguido. O templo foi construído sobre a interseção de duas
zonas de fraturas onde havia emissões de metano/etileno ou de um ar hipóxico
devido à grande presença de metano ou CO2 o que permitia que Pítia - a
sacerdotisa do templo de Apolo, em Delfos - pudesse realizar suas profecias pela
alteração de seu estado de consciência.[1] A equipe arqueológica de
Michael D. Higgins publicou em 1996 o livro Geological Companion to Greece
and the Aegean, no qual confirmou que havia uma falha geológica abrupta em
Delfos que poderia emitir gases tóxicos. John Hale da Universidade de Yale em
1973 já mostrara que de fato o templo em Delfos tinha emanações gasosas que
justificavam o estado de torpor das sibilas.[2] René Taton destaca a
presença na Grécia Antiga de uma medicina mística baseada em fórmulas mágicas e
encantamentos como entramos em Platão no Banquete (202e), Teeteto (149c) e nas
Leis (666b). No Carmênides ao tratar dos encantamentos Platão invoca a
autoridade do médico trácio Zamolxis[3]. René Taton observa que
esta medicina mística desenvolveu-se de forma paralela à uma medicina
experimental de modo que seria um erro concluir que a medicina grega nasceu nos
templos. Tulcídides em Guerra do Peloponeso revela que diante da peste em
Atenas tais encantamentos foram ineficazes.[4] Em Hierápolis na atual
Turquia havia o templo dedicado ao Deus Pluto segundo a mitologia romana, deus
do submundo dos mortos ou Hades (Plutão), em um santuário conhecido como Plutonium. Segundo relatos de Plínio e
Strabo nestes tempos touros, bodes e outros animais entravam junto com os
sacerdotes para em seguida apenas tais animais morrerem sem aparente causa
mostrando o poder de tais sacerdotes diante da morte [5]. Os animais mostravam
sinais de sufocação e morriam após alguns minutos, enquanto os sacerdotes
ficavam juntos ao agonizante animal sem sofrerem quaisquer danos ou
demonstrarem sinais de sofrimento. Nesta antecâmara local de tais cerimônias
exalava-se uma névoa visível em épocas frias. Para os crentes tais emissões
mortais eram o bafo de Hades ou Cérbero o ser mitológico na forma de um cão de
três cabeças que guardava sua entrada. Pesquisas mostraram que esta névoa
compõe-se predominantemente de gás carbônico e como este é cerca de 1,5 mais
pesado que o ar atmosférico ele tendia a se concentrar na superfície da
antecâmara formando um lago no chão desde que na ausência de raios solares. Os
raios solares aquecem o gás carbônico fazendo-o dispersar. Como as cerimônias
eram noturnas o ambiente se tornava altamente tóxico apenas na superfície, o
que seria responsável pela morte dos animais, mas não a do sacerdote desde que
este permanecesse em pé. Os relatos descrevem o posicionamento do sacerdote em
cima de pedras favorecendo ainda mais suas condições de segurança. Para
demonstrar seus supostos poderes divinos os sacerdotes permitiam a visita dos
locais durante o dia, quando não haveria qualquer risco.[6]
[1]http://www.saberatualizado.com.br/2018/02/revelado-o-segredo-dos-portoes-do-mundo.html
[2]KAGAN, Donald. História da Grécia Antiga #7 com Donald Kagan, de Yale, 19:00
https://www.youtube.com/watch?v=mHjOKSUb5rA
[3]TATON, René. A ciência
antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 78
[4]TATON, René. A ciência
antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 77
[5]https://www.sciencemag.org/news/2018/02/roman-gate-hell-killed-its-victims-cloud-deadly-carbon-dioxide
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