quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Sibilas de Delfos

 

Em Delfos em cavernas escavadas nas rochas eram consultadas as sibilas nos témenos ou recintos sagrados, antes do templo ser erguido. O templo foi construído sobre a interseção de duas zonas de fraturas onde havia emissões de metano/etileno ou de um ar hipóxico devido à grande presença de metano ou CO2 o que permitia que Pítia - a sacerdotisa do templo de Apolo, em Delfos - pudesse realizar suas profecias pela alteração de seu estado de consciência.[1] A equipe arqueológica de Michael D. Higgins publicou em 1996 o livro Geological Companion to Greece and the Aegean, no qual confirmou que havia uma falha geológica abrupta em Delfos que poderia emitir gases tóxicos. John Hale da Universidade de Yale em 1973 já mostrara que de fato o templo em Delfos tinha emanações gasosas que justificavam o estado de torpor das sibilas.[2] René Taton destaca a presença na Grécia Antiga de uma medicina mística baseada em fórmulas mágicas e encantamentos como entramos em Platão no Banquete (202e), Teeteto (149c) e nas Leis (666b). No Carmênides ao tratar dos encantamentos Platão invoca a autoridade do médico trácio Zamolxis[3]. René Taton observa que esta medicina mística desenvolveu-se de forma paralela à uma medicina experimental de modo que seria um erro concluir que a medicina grega nasceu nos templos. Tulcídides em Guerra do Peloponeso revela que diante da peste em Atenas tais encantamentos foram ineficazes.[4] Em Hierápolis na atual Turquia havia o templo dedicado ao Deus Pluto segundo a mitologia romana, deus do submundo dos mortos ou Hades (Plutão), em um santuário conhecido como Plutonium. Segundo relatos de Plínio e Strabo nestes tempos touros, bodes e outros animais entravam junto com os sacerdotes para em seguida apenas tais animais morrerem sem aparente causa mostrando o poder de tais sacerdotes diante da morte [5]. Os animais mostravam sinais de sufocação e morriam após alguns minutos, enquanto os sacerdotes ficavam juntos ao agonizante animal sem sofrerem quaisquer danos ou demonstrarem sinais de sofrimento. Nesta antecâmara local de tais cerimônias exalava-se uma névoa visível em épocas frias. Para os crentes tais emissões mortais eram o bafo de Hades ou Cérbero o ser mitológico na forma de um cão de três cabeças que guardava sua entrada. Pesquisas mostraram que esta névoa compõe-se predominantemente de gás carbônico e como este é cerca de 1,5 mais pesado que o ar atmosférico ele tendia a se concentrar na superfície da antecâmara formando um lago no chão desde que na ausência de raios solares. Os raios solares aquecem o gás carbônico fazendo-o dispersar. Como as cerimônias eram noturnas o ambiente se tornava altamente tóxico apenas na superfície, o que seria responsável pela morte dos animais, mas não a do sacerdote desde que este permanecesse em pé. Os relatos descrevem o posicionamento do sacerdote em cima de pedras favorecendo ainda mais suas condições de segurança. Para demonstrar seus supostos poderes divinos os sacerdotes permitiam a visita dos locais durante o dia, quando não haveria qualquer risco.[6]

[1]http://www.saberatualizado.com.br/2018/02/revelado-o-segredo-dos-portoes-do-mundo.html

[2]KAGAN, Donald. História da Grécia Antiga #7 com Donald Kagan, de Yale, 19:00 https://www.youtube.com/watch?v=mHjOKSUb5rA

[3]TATON, René. A ciência antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 78

[4]TATON, René. A ciência antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 77

[5]https://www.sciencemag.org/news/2018/02/roman-gate-hell-killed-its-victims-cloud-deadly-carbon-dioxide

[6]http://www.saberatualizado.com.br/2018/02/revelado-o-segredo-dos-portoes-do-mundo.html



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