O declínio da
alquimia foi gradual. Richard Westfall mostra que Isaac Newton teria encontrado
na alquimia, a qual ele se dedicou com mais interesse no período de 1670 a
1680, ajuda para elaborar o novo conceito de força [1]. Os
conceitos herméticos permitiram que Newton não oferecesse resistência a teoria
de forças a distância proposta no modelo gravitacional por ele proposto. Em um
texto alquímico de Newton ele remete ao conceito de um éter que permearia o
universo: “há portanto, ao lado das
mudanças perceptíveis nas texturas da matéria bruta, uma maneira mais sutil,
secreta e nobre de operação em qualquer vegetação, que torna seus produtos
distintos dos outros,e o palco de suas operações não é o volume total da
matéria, mas sim, uma porção inimaginavelmente pequena e muito mais sutil de
matéria difundida através da massa”. Para Betty Dobbs, Newton tentava
integrar as ideias herméticas com as filosofias mecânicas de sua época[2]. Tal
fato não passou despercebido à Leibniz que em seu Antibarbarus physicus critica a teoria gravitacional de Newton por
ser “a ressurreição das qualidades
escolásticas e dos poderes quiméricos”.[3] Newton
no Opticks em 1704 responde que “não considero os princípios ativos como da
gravidade como qualidades ocultas resultantes, por suposto, da forma específica
das coisas, mas como leis gerais da natureza, pela qual as próprias coisas são
formadas: a sua verdade se nos apresenta através dos fenômenos, mesmo que suas
causas ainda não tenham sido descobertas. Pois, tais princípios constituem
qualidades manifestas e apenas suas causas são ocultas”.[4] A
própria explicação de Leibinz para gravidade seguia os cânones da escolástica
na medida em que atribui uma “força
passiva primitiva” no interior dos corpos [5] que
seriam formado não por átomos, mas por “mônadas” dotas de alma e por isso
vistas como indivíduos genuínos capazes de atividade própria[6].
Com relação as
bases metafísicas da ciência de Newton, George Berkeley no ensaio The
Analyst argumentou que as bases da matemática do cálculo infinitesimal de
Lebiniz e Newton eram tão incerta quanto a teologia. Tantos os fluxões de Newton
como os infinitésimos de Leibinz eram mal definidos e calculados sobre o
quociente de dois incrementos: “E o que são essas fluxões ? as velocidades de
incrementos evanescentes. E o que são esses mesmos incrementos evanescentes ? Não
são nem quantidades finitas, nem quantidades infinitamente pequenas, nem nada.
Podemos chama-las de fantasmas de quantidades que partiram ? [...] Aquele que
pode digerir uma segunda ou terceira fluxão não precisa, eu penso, ter
preconceitos sobre qualquer ponto da divindade”.[7]
[1]McCLELLAN III, James; DORN, Harold. Science and technology on world
history: an introduction. The
Johns Hopkins University Press, 1999, p.253; ABRANTES, Paulo. Imagens de
natureza, imagens de ciência, Campinas:Papirus, 1998, p.78
[2]ABRANTES, Paulo.
Imagens de natureza, imagens de ciência, Campinas:Papirus, 1998, p.79
[3]TATON, René. A ciência
moderna: o século XVII, tomo II, v.2, São Paulo:Difusão, 1960, p.27
[4]TATON, René. A ciência
moderna: o século XVII, tomo II, v.2, São Paulo:Difusão, 1960, p.93
[5]HENRY, John. A
revolução científica e as origens da ciência moderna. Rio de Janeiro:Zahar,
1998, p. 73
[6]HENRY, John. A
revolução científica e as origens da ciência moderna. Rio de Janeiro:Zahar,
1998, p. 85
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