sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Pólvora, bússola, imprensa

 

Francis Bacon referindo-se a imprensa, a pólvora e a bússola destaca as mudanças que se seguiram em todo o mundo, a primeira nas letras, a segunda na arte militar e a terceira na navegação. Por outro, lado o próprio Francis Bacon reconhece que as grandes invenções como os canhões, a seda ou a bússola foram frutos do acaso “todas as descobertas, dignas de serem consideradas como mais nobres, quando bem examinadas, não poderão ser tomadas como o resultado do desenvolvimento gradual e da extensão, mas do acaso [..] tais inventos e outros  semelhantes permaneceram ignorados pelos homens por tantos séculos e não foram descobertos pelas artes, mas graças ao acaso e oportunidade”.[1] Nathan Rosenberg observa que as três invenções mencionadas por Francis Bacon não foram invenções da Europa mas possivelmente da China, o que mostra que muito mais importante do que a invenção em si está o processo de difusão e transferência e absorção dessa tecnologia. Ou seja, o traço cosmopolita do europeu receptivo às invenções do estrangeiro e o desenvolvimento de uma capacitação local foram fundamentais para absorção dessas tecnologias: “Pode-se argumentar seriamente, que, em termos históricos, a receptividade europeia a novas tecnologias e a capacidade de assimilá-las, quaisquer que fossem suas origens, foi tão importante quanto à sua própria inventividade”[2].



[1]BACON, Francis. Novum Organum, Sâo Paulo: Abril, Os pensadores, 1973, p. 77, 157

[2]ROSENBERG, Nathan. Por dentro da Caixa preta. Campinas: Unicamp, 2006, p.364



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