Sob a
democracia ateniense grega do século V a.c. o Estado não conhece famílias mas
unicamente indivíduos de mesmo valor, princípio que se opõe ao regime oligárquico.[1] Na pólis
grega a ágora, o mercado de Atenas, a
se estabelece como espaço democrático, espaço de sociabilidade urbana e que
inclui também o comércio de produtos diversos.[2] Aristóteles
dirá que o homem é um animal político “que
vive na pólis”, o seja, a polis e não o núcleo familiar é o cerne da civilização
grega.[3] Donald
Kagan mostra que a polis grega se diferencia de outras cidades Estado da
antiguidade pelo fato de que no caso grego o indivíduo vivia em função da
polis. Heródoto se refere a uma pergunta que Creso fez a Sólon sobre quem seria
a pessoa mais feliz que ele já conheceu. E Sólon responde: Telus de Atenas, um
cidadão grego desconhecido. Três as razões apresentadas: porque a polis de
Telus prosperava, porque os filhos de Telus prosperavam (garantindo a
imortalidade dos princípios de Telus) e porque Telus morreu em combate lutando
por sua polis.[4] O ideal grego é que o Estado grego tinha como meta fazer homens bons e a polis
tinha um papel fundamental nesse processo ao formar cidadãos e não súditos[5]. Tucídides
reproduz o discurso feito no funeral de Péricles em 431 a.c em que destaca que
as maiores metas individuais e de sua família somente poderão ser alcançadas
através da polis. O bem estar individual está intrinsecamente ligado ao bem
estar da polis. A pessoa não pode se realizar como ser humano sem ser um
cidadão ativo e leal dessa grande comunidade de que você precisa para alcançar
seus objetivos na vida. Jean Vernant mostra que a polis desenvolveu o conceito de plena publicidade: “pode-se mesmo dizer que a polis existe
apenas na medida em que se distinguiu um domínio público, nos dois sentidos
diferentes, mas solidários no termo: um setor de interesse comum, opondo-se aos
assuntos privados; práticas abertas, estabelecidas em pleno dia, opondo-se a
processos secretos”.
[1]GLOTZ, Gustave. A
cidade grega. São Paulo:DIFEL, 1980, p.108
[2]MUMFORD, Lewis. A
cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 168
[3]FUNARI, Pedro. Grécia e
Roma, São Paulo:Contexto, 2004, p.49
[4]História da Grécia Antiga #5 com Donald Kagan, de Yale, 9:00 https://www.youtube.com/watch?v=UCBmCNnQULU
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