quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Neomênia

 

Na Babilônia e na Judeia o primeiro sinal visível da lua nova marcava o início do ano celebrada na festa chamada Neomênia (2 Reis 4:23). Para que pudesse ter início seria necessário a confirmação do evento por duas testemunhas sendo a notícia espalhada para outras cidades por meio de fogueiras, o que não era difícil em um país montanhoso como a Palestina. Como os samaritanos costumavam enganar os israelitas com a transmissão de sinais falsos o rabino judeu Judá I decidiu abolir esse sistema de transmissão de sinais luminosos substituindo por mensageiros.[1] Daniel Boorstin mostra que o fato do homem calcular os ciclos religiosos promoveu um avanço da ciência e tecnologia. Os muçulmanos, contudo, continuaram a se basear nos ciclos visíveis da lua seguindo rigidamente a observação de Maomé no Alcorão onde as luas novas “são tempos assinalados para as pessoas e para a peregrinação [...] Não jejueis enquanto não virdes a lua nova” (2:185). Para Daniel Boorstin o fato do homem chegar ao conhecimento da data certa sagrada por um cálculo matemático e não pela mera observação visual de um fenômeno indicaria um novo estágio de prestígio da ciência [2].

[1]MOURÃO, Rogério. Dicionário de astronomia e aeronáutica, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p.236

[2]BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro: Civilizaçao Brasileira, 1989, p. 24




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