Galileu também inventou um mecanismo para medir o
fluxo de água na forma de uma balança hidrostática (bilancetta)[1], um
relógio de pêndulo[2] e um termômetro.[3] A luneta, um instrumento inventado por artesãos holandeses, aperfeiçoado por
Galileu pela prática, foi ignorado, quando não desprezado, pela ciência.[4] Para
Lobo Carneiro o método experimental de Galileu Galileu inaugura a ciência
moderna: “seu método de investigação
científica consiste numa justa combinação da experiência com a matemática,
instrumento de lógica dedutiva. Partindo de alguns fatos experimentais,
constrói-se uma primeira hipótese ou teoria para interpretá-los. Desta teoria
tiram-se certas conclusões por via dedutiva; em seguida submete-se a validade
dessas conclusões á experiência, a qual corresponde sempre á última palavra. A
hipótese é substituída ou aperfeiçoada se os ensaios não a conforma. O critério
da verdade é, sempre, em última análise, a experiência [..] em Galileu a
experimentação é geralmente orientada por alguma teoria”[5]. Segundo
Galileu mesmo Aristóteles valorizava a experiência: “estou seguro de que se
Aristóteles regressasse ao mundo, aceitaria a mim como seu seguidor, graças as
minhas poucas mas conclusivas refutações em lugar de muitas outras pessoas que
para sustentar tudo o que ele disse era verdadeiro , tiram suas conclusões dos
textos, ainda que na realidade nunca tivessem na sua mente”.[6] Segundo
Gaileu Galilei não seria através da escolástica que se irá desvendar os
segredos do mundo, mas pelas demonstrações matemáticas: “a filosofia está escrita nesse grande livro permanentemente aberto
diante de nossos olhos – refiro-me ao universo – mas que não podemos
compreender sem primeiro conhecer a língua e dominar os símbolos em que está
escrito. A linguagem desse livro é a matemática e seus símbolos são triângulos,
círculos e outras figuras geométricas, sem cuja ajuda é impossível compreender
uma única palavra de seu texto, sem cuja ajuda vagueia-se em vão por um
labirinto escuro”.[7] Ainda segundo Galileu: “simpatia, antipatia, propriedades ocultas,
influências e outros termos são usados pelos filósofos como uma desculpa para a
resposta correta que seria: não sei. Esta resposta é muito mais tolerável do
que as demais, assim como a cândida honradez é mais bela do que a falsidade[8]. Hooykaas destaca que embora os pitagóricos já destacassem o papel da
matemática há uma diferença fundamental com Galileu: os gregos entendiam a
matéria como um empecilho para as as ideias matemáticas fossem reveladas, para
tanto seria necessário abstrair-se da matéria ao passo que Galileu busca
matematizar o mundo físico tal como ele é.
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