Os
engenheiros italianos transformaram regiões como a Toscana em um celeiro de
inovações técnicas das quais Leonardo da Vinci (1452-1519) tornou-se o símbolo
deste movimento. Galileu Galilei no Diálogo
sobre as duas novas ciências escreve sobre os engenheiros do Arsenal de
Veneza (Arzanà dei Venetiani): “Parece-me que a frequente atividade do vosso
famoso Arsenal, senhores venezianos, oferece vasto campo filosófico às
inteligências especulativas, e particularmente naquela matéria que se denomina
mecânica posto que neste lugar é continuamente construído todo tipo de
instrumentos e máquinas, por parte de inúmeros artesãos, entre os quais é
possível que existam, tanto graças às observações feitas pelos antepassados,
como pelas que fazem continuamente por sua própria reflexão, alguns que aliam
sua perícia a um raciocínio profundo”.[1] O
personagem Sagredo da obra de Galileu descreve
os mecânicos “peritíssimos e de discurso finíssimo que me ajudou
várias vezes na pesquisa dos efeitos ainda ocultos e quase inopináveis” [2]. Paolo
Sarpi por diversas vezes havia estado com Galileu no Arsenal de Veneza e soube em
1609 que o duque de Veneza estava interessado na “trompa holandesa” um modelo
de telescópio que entendeu ser muito caro. Sarpi sugeriu apresentar Galileu ao
doge para que pudesse expor a sua versão de luneta mais barata. O acordo foi
feito em troca de uma promessa de aumento significativo de salário na
Universidade de Pádua onde Galileu era professor de matemática. A promessa,
contudo, acabou não se cumprindo e Galileu foi apresentar sua luneta a Corte de
Florença do grão duque de Toscana Cosimo II chefe da poderosa da família dos
Medici quando em 1610 publica Sidereus Nuncius ("O Mensageiro das
Estrelas"). Cosimo II nomeou Galileu primeiro matemático da Universidade
de Pisa.[3]
[1] BRAGA, Marco; GUERRA,
Andreia; REIS, Jose Claudio. Breve historia da ciência moderna, v.II, Rio de
Janeiro:Zahar, 2011, p. 37; CARNEIRO, Lobo. Galileu, fundador da teoria da
resistência dos materiais. In; GAMA, Ruy. História da técnica e da tecnologia,
São Paulo:Edusp, 1985,p.246; CORNELL, Tim; MATHEWS, John. Renascimento v.II
,Grandes Impérios e Civilizações, Lisboa:Ed. Del Prado, 1997, p. 121
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