A cidade, polis em grego[1], (do
qual deriva política) significava na Grécia Clássica um Estado autônomo, que
governa a si mesmo. Na Política Aristóteles explica eu “quando várias
aldeias se unem numa única comunidade, grande o bastante para ser
autosuficiente (ou para estar perto disso) configura-se a cidade (polis)[2],
ou Estado que nasce para assegurar o viver e que , depois de formada, é capaz
de assegurar o viver bem”. Não há qualquer anacronismo em usar o termo “Estado
grego”, que é explicitado pelos historiadores da Grécia clássica como Moses
Finlay[3]. Gustavo
Glotz destaca que na época helenística o Estado mantinha uma série de direitos
régios principalmente com relação a direitos sobre o subsolo como minas e
pedreiras. Em Rodes, Cnido , Esmirna, Paros, Tasos e Ólbia os vasos são
produzidos com uma marca oficial para demonstra que a argila provinha de barreiras
exploradas em regime de arrendamento régio. O monopólio dos óleos, usado tanto
como condimento como para limpeza do corpo[4], está
ricamente registrado por diversos documentos que mostram a determinação das
áreas de cultivo da azeitona (a figura mostra a colheita de azeitonas tal como mostrado em um vaso grego) a fixação de quantidades produzidas, a produção vendida ao rei
e o imposto devido[5].
Tudo era objeto de monopólio regulado pelo rei: cervejarias, vinho, mel,
madeira, barcos, tanaria, vidraria de luxo, trabalho de pedras preciosas,
fabrico de bronze e a ourivesaria. Dalmo Dalari observa: “Embora seja comum
a referência ao Estado Grego, na verdade não se tem notícia da existência de um
Estado único, englobando toda a civilização helênica. Não obstante, pode-se
falar genericamente no Estado Grego pela verificação de certas características
fundamentas, comuns a todos os Estados que floresceram entre os povos helênicos
[entre as quais a sociedade política]”.[6] Indro
Montanelli argumenta que a invasão dos dórios, com seu sentimento de
superioridade racial, impediu que se formasse um sentimento de unidade entre os
gregos e assim se formasse uma nação política grega[7]. Moses
Finlay observa que o termo cidade Estado induz contudo uma visão equivocada de
que a cidade governa o campo, na verdade Atenas, por exemplo era uma cidade de
apenas 2300 km2. Na maior parte as cidades estado gregas eram dominadas pelo
campo.[8] O poder
das cidades Estados era localizado. Ptolomeu e Seleuco eram reis mas não foram
reis de algo como assim se denominavam os reis no Egito, Babilônia ou Pérsia. Arnold
Toynbee mostra que a instituição da cidade
Estado não é em si uma característica peculiar da sociedade helênica pois
haviam exemplos de cidades estados cananeias como as cidades fenícias de Sidon
e Tiro no litoral sírio e Cádiz em Cartago no norte da África e Cadiz no sul da
Espanha assim como temos o exemplo da transformação do cantão de Judá na cidade
Estado de Jerusalém pelo rei Josias em VII a.c.[9]
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